Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A reforma política foi o tema da Comissão Geral promovida hoje (28) pela Câmara dos Deputados e voltará a ser debatida a partir das 9h30 de amanhã (29), por representantes da sociedade civil e parlamentares. O presidente da Casa, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), adiantou que na próxima semana pretende iniciar a votação da reforma em plenário. Para o representante da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcelo Lavanère, "nenhuma reforma é a ideal, nem unânime, nem pode agradar a todos – o importante é que seja ouvido o anseio das entidades da sociedade civil por uma reforma ampla e democrática". Lavanère propôs a realização de uma reunião entre representantes da sociedade civil e os parlamentares envolvidos na discussão da reforma política: "Um assunto dessa ordem merece uma oportunidade melhor de diálogo". E disse que a reforma deve incluir o fortalecimento dos mecanismos de iniciativa popular, como o plebiscito e o referendo, além de instituir a fidelidade partidária e intensificar o financiamento público de campanhas.Já a representante da organização não-governamental Articulação Mulheres Brasileiras, Natália Mori Cruz, defendeu que a reforma política aumente a participação feminina e a de grupos como os jovens, negros, indígenas e homossexuais – "é preciso encontrar formas de democratizar a própria democracia" –, e não se limite a "pensar nas eleições". O fundamental, ressaltou, é ampliar os espaços de participação popular: "As mulheres ainda têm uma presença na política péssima, ínfima. Somos apenas 8,58% dos deputados, não dá para continuar assim".Para o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), a reforma política deve ser feita dentro do Congresso. E o prazo para votação termina neste ano, já que em 2008 haverá eleições municipais. Ele destacou a institucionalização das federações partidárias proposta pelo relator, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO): "Essas federações são importantes ao obrigar as alianças entre os partidos a terem duração mais longa do que as coligações". O também peemedebista Ibsen Pinheiro (RS) disse que a reforma tem dois adversários na Câmara – o que não quer transformar nada e o que deseja mudar tudo – e que "é preciso buscar um ponto de equilíbrio".Segundo o relator, ampliar a reforma política incluindo temas queexigem modificação constitucional "é adiar sua realização". Caiadolembrou que entre os partidos há acordo firmado de que as votaçõesserão todas nominais.Durante o debate de hoje, o líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE), também defendeu a aprovação de temas como pré-ordenadas nas eleições proporcionais e ampliação do financiamento público de campanhas. E o representante da Comissão de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Carlos Moura, informou que as organizações da sociedade civil preparam uma campanha para discutir a reforma política com a população e também defendeu a necessidade de regulamentar os mecanismos de participação popular.