Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, na inauguração das duas últimas unidades geradoras da Usina Hidrelétrica de Itaipu, hoje (21), a importância do empreendimento para o crescimento do Brasil e do Paraguai. E admitiu a oposição brasileira e paraguaia à época do lançamento do projeto, nos anos 70, por ter sido idealizado por dois governos autoritários. Lula reconheceu que fazia, naquele tempo, oposição ao presidente Médici. E mandou um recado àqueles que ainda criticam a usina binacional: "Seria importante que alguns críticos do lado brasileiro e do lado paraguaio cerrassem seus ojos por 30 segundos e imaginassem o Paraguai e o Brasil sem Itaipu, o que seríamos hoje", afirmou.Sobre os bstáculos enfrentados hoje, no Brasil, para a construção de novas hidrelétricas, o presidente disse, em seu discuro: "Hoje não é tão fácil construir uma hidrelétrica como construímos Itaipu nos anos 70. Hoje a legislação é mais dura, hoje os ambientalistas estão mais exigentes, fiscalizando mais, exigindo cada vez mais. E também os governantes têm mais responsabilidade e estão fazendo as coisas com mais cuidado. Hoje, cada movimento que fizermos estaremos pensando na salvação do planeta Terra, porque no fundo, no fundo, é ele que está em jogo. E no fundo, no fundo, somente nós seremos capazes de destruí- lo ou de recuperá-lo". , afirmou.Na avaliação de Lula, a conclusão da hidrelétrica de Itaipu representa garantia de abastecimento de energia para as futuras gerações. "Isso aqui é quase uma poupança que estamos deixando para nossos filhos, netos e bisnetos", disse. E sugeriu que alunos de escolas públicas brasileiras e paraguaias sejam convidadas a visitar Itaipu e, assim, perceber que os dois países são capazes de fazer obras "de causar inveja" aos países desenvolvidos. "Nossas crianças certamente cresceriam sem a concepção de submissão com que a nossa geração cresceu, achando que os ricos podiam tudo e nós, brasileiros e paraguaios, não podíamos nada", disse. Por fim, Lula fez um balanço da visita de trabalho ao Paraguai: "Depois da reunião de hoje com o presidente Nicanor, com a quantidade de empresários brasileiros que estiveram no Paraguai e a quantidade de empresários que participaram da reunião, estou convencido de que uma nova era começa a acontecer na relação Paraguai e Brasil". Situada na fronteira entre Brasil e Paraguai, a usina é considerada a maior do mundo em produção de energia. Com a instalação das novas unidades (9A e 18A), com 700 MW (megawatts) cada uma, a capacidade de produção da usina será ampliada de 12,6 mil MW para 14 mil MW. A obra contou com investimentos de US$ 184,6 milhões da Eletrobrás. Com a conclusão do processo de expansão da usina, a próxima etapa, segundo informou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, será colocar em prática o projeto de atualização tecnológica das 18 unidades geradoras que já estavam instaladas desde as décadas de 80 e 90. O objetivo da modernização é manter o índice de eficiência da hidrelétrica nos patamares de qualidade e confiabilidade exigidos pelo mercado de energia elétrica. O Tratado de Itaipu, instrumento legal para aproveitamento hidrelétrico do rio Paraná, foi assinado em 1973 pelo Brasil e pelo Paraguai. Hoje, 33 anos após sua construção, Itaipu é responsável por 20% da energia consumida no Brasil e por 95% da energia utilizada no Paraguai.