Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Representantesde comunidades quilombolas, do Instituto Nacional da Colonizaçãoe Reforma Agrária (Incra), da Secretaria Especial de Promoçãoda Igualdade Racial e de outros órgãos do governo discutiram nesta quinta-feira (17) a regularização de terrasquilombolas. Segundo o coordenador geral de Regularização de TerritóriosQuilombolas do Incra, Rui Leandro Silva, a comunidade de Marambaia (RJ) está entre elas. “Acomunidade tem um pleito de regularizar a ilha de Marambaia, mas o governo também tem um projeto lá, da Marinha, para quem essa área é estratégica e de interesse para asegurança nacional. Nessa área está localizado o único centro de treinamento da Marinha", disse.O papel do Incra em casos como esse, acrescentou, é o defazer a regularização com base em uma negociação“que saia bem para as comunidades quilombolas, mas que o interessedo Estado brasileiro seja de alguma forma contemplado”.Em março deste ano, a Justiça Federal do Rio determinou que Incra finalizasse o relatório sobre aidentificação da ilha de Marambaia e, se fosse o caso, promovesse em um ano atitulação das 90 famílias quilombolas que moram no local. Caso isso nãoocorra, a decisão prevê multa de R$ 100 mil por mês ao Incra.Presente à reunião de ontem, arepresentante da comunidade, Vera Guerra, disse que entre os problemas enfrentados está a dependência da Marinha para deixar a ilha, porque não existemembarcações para atender à comunidade. “Se umapessoa vai vacinar o filho, por exemplo, ela tem que sair às6 horas [quando sai o barco da Marinha] e às 8 horas a criança já está vacinada,mas ela só pode voltar às 18 horas, quando o barco da Marinha volta para a ilha", informou. Segundo VâniaGuerra, as 600 pessoas que vivem na comunidade sobrevivem dapesca e de agricultura de subsistência. Quando tiverem a posse da terra, acrescentou, elas colocarão em prática um plano de turismo étnico, pois nas terras ainda há ruínas do quilombo. “Queremosconservar nossas terras porque sabemos que o turismo desgovernado vaidestruir tudo e não é isso que a gente quer. Queremosque as coisas sejam bem controladas, nós queremos realmentemanter o aspecto físico do quilombo”, explicou. Outrascomunidades que tiveram seus casos discutidos, foram as de Alcântara(MA), Morro Alto (RS), Machadinho (MG) e Santo Antônio doGuaporé (RO).