Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Técnica Nacional deBiossegurança (CTNBio) adiou a discussão sobre aliberação comercial do milho transgênicoresistente ao herbicida Liberty Link, da Bayer, segundo informou ointegrante da comissão Edilson Paiva.
De acordo com Paiva, que épesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa), a pauta da reunião de hoje (18) se resumiu aodebate sobre a saúde humana e animal. Ainda de acordo com ele,a pauta foi limitada pela polêmica gerada por conta de vacinasliberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) produzidas a partir de organismos geneticamente modificados.A tecnologia é desenvolvida em Cuba e transferida para oBrasil.
Os membros da CTNBio questionam se éde responsabilidade da comissão analisar também asvacinas puras ou apenas as originadas a partir de organismosgeneticamente modificados. “Os outros processos foram retirados depauta até decidir se isso é atribuição daCTNBio ou se da Anvisa. Só que todos esses produtos jáestão no mercado e estão sendo utilizados pelapopulação brasileira. Se resolverem que isso éerrado o material terá que ser recolhido”, disse EdilsonPaiva.
Segundo ele. atualmente 70% dosbrasileiros usam vacinas transgênicas. “Na áreavegetal a ambiental se bloqueia tudo e por que na área médicapode? Por que a insulina pode e o milho transgênico não?Por que é só na agricultura que tem todo esse aparatocontra, por que não na área médica?”,questiona.
Outra discussão que a atrasouo andamento da pauta da CTNBio foi a autorização daentrada de pessoas que não integram a comissão, entreeles professores, pesquisadores e ativistas. A reunião,marcada para começar às 14 horas, foi iniciada comcerca de três horas de atraso. Apesar disso, Paulo Andrade,membro da CTNBio, representante do Ministério das RelaçõesExteriores (MRE), disse que a reunião foi positiva porque acomissão avançou no debate sobre a entrada deconvidados na reunião.
Na reunião de hoje, novepessoas foram convidadas a participar como ouvintes-observadores, ouseja, sem poder de palavra ou voto. A assessoria de imprensa doMinistério de Ciência e Tecnologia informou que seisdelas haviam feito uma solicitação à comissãoe outros dois foram convidados no momento. “Hoje não houvepropriamente um critério já que não houve tempopara discuti-lo, mas certamente será estabelecido um e aspessoas que quiserem assistir às reuniões deverão,provavelmente, se reportar com certa antecedência e aíserão aceitas”, explicou Andrade em entrevista àAgência Brasil.
Paulo Andrade disse, no entanto, queos convidados não serão aceitos automaticamente, jáque ainda é preciso avaliar a quantidade de vagas disponíveis.Para o representante do MRE na CTNBio, a participaçãopopular “aumenta a transparência” das deliberaçõesda comissão. Ele destacou, porém, que embora possamparticipara das reuniões plenárias da comissãoos convidados não podem assistir às reuniõessetoriais, onde são discutidos assuntos técnicos ealgumas questões confidenciais. “Lá, nós nãoqueremos, por enquanto, a presença de pessoas de fora”,comentou.
Para Edilson Paiva, da Embrapa, aparticipação de convidados prejudica os trabalhos dacomissão. “Sou totalmente contra. Essa é uma comissãonacional técnica, tem que ser exercida por pessoas que tenhamconhecimento e experiência e isenção ideológicae política; por pessoas que entendam do assunto, de engenheiragenética, de biologia, e não por leigos que nãosabem nem o que é isso””, comentou.
Amanhã (19), às 9horas, os membros da CTNBio retomam as discussões. EdilsonPaiva adianta que liberação da comercializaçãode milhos transgênicos deve continuar fora da pauta: “ Achomuito difícil que amanhã seja discutida essa questão,porque a pauta tem mais de 500 itens”.