Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O plenário daComissão Técnica Nacional de Biossegurança(CTNBio) autorizou a presença, na reunião ordináriade hoje (18), de professores, pesquisadores e ativistas que nãointegram a comissão. Entre outros assuntos, aplenária de hoje e amanhã pode decidir sobre aliberação científica de 50 organismosgeneticamente modificados, a importação de materialbiológico por parte de institutos de pesquisa e a liberaçãocomercial do milho transgênico resistente a herbicida LibertyLink, da Bayer.Segundo aassessoria de imprensa do Ministério da Ciência eTecnologia, foram autorizados aassistir à sessão os representantes da Assessoria eServiços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA)Gabriel Bianconi Fernandes, da entidade Terras e Direitos, Maria RitaReis e Marcos Rogério de Souza, a coordenadora de EngenhariaGenética do Greenpeace, Gabriela Voulo, o coordenador depolíticas públicas Sérgio Leitão, oassessor de políticas públicas João Alfredo, oprofessor Jorge Machado, da Universidade de São Paulo (USP), aprofessora Marijane Vieira Lisboa, daPontifícia Universidade Católica (PUC) de SãoPaulo, e o doutorando da Universidade de Brasília (UnB) PedroCristofoli.No final do mêspassado, o presidente da comissão, Walter Colli, avisou que asreuniões marcadas para hoje e amanhã poderiam sersuspensas caso pessoas que não pertencem à comissãoinsistissem em participar.Na últimareunião, de fevereiro, os representantes entregaram umrequerimento à comissão pedindo a participaçãona reunião mensal de março como ouvintes-observadores,ou seja, sem direito a voz ou a voto – possibilidade prevista na Lei de Biossegurança. Como a reunião de marçofoi suspensa, os membros da comissão não haviamdeliberado sobre o assunto até o momento.A CTNBio éformada por 54 membros, 27 titulares e 27 suplentes. De acordo com aassessoria do Ministério da Ciência eTecnologia, neste momento estão presentes no plenário32 membros.A professora MarijaneVieira Lisboa, da PUC, defendeu que reuniões como asrealizadas pela CTNBio, que decidem sobre políticas públicasou científicas, devem ser sempre abertas aos cidadãos."Nunca vi cientistas esconderem as razões pelas quaispensam de um jeito ou de outro", disse, em entrevista àAgência Brasil.A professora desociologia também questiona o critério de seleçãoadotado pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende,para a escolha dos membros da comissão."O sistema deescolha é muito defeituoso. É feito para que nãohaja uma representação equânime e variada decientistas". Na última segunda-feira (16), 21 professoresda PUC de São Paulo, de diversos departamentos, enviaram umacarta ao ministro questionando o funcionamento da CTNBio.O deputado Iran Barbosa(PT-SE), membro da Comissão de Meio Ambiente da Câmarados Deputados, reivindica a abertura das reuniões da CTNBiopara a população: "É um assunto muitosério, que tem um impacto muito grande sobre a vida atual efutura da nossa segurança alimentar [a decisão sobrea comercialização ou não de milho transgênicono Brasil]. Por isso, entendemos que precisa ter umacompanhamento muito maior".