Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A historiadora e socióloga paraguaia MildaRivarola destacou nesta semana, em palestra no 2º Curso paraDiplomatas Sul-Americanos, que o “clientelismo na políticaé um fenômeno que está crescendo muito na AméricaLatina”.Segundo a socióloga, Brasil, Argentina,Paraguai e Chile são exemplos de países onde essefenômeno político cresceu de forma expressiva na últimadécada. Ela vê também traços dessa práticae m outros países como Espanha e Estados Unidos.Milda Rivarola explicou aos diplomatas que noclientelismo, os governos e por extensão os partidos de basegovernista são caracterizados pela predisposiçãoem conceder “ajuda” aos pobres.Em entrevista à AgênciaBrasil, ela analisou que o clientelismo político“é como uma perversão do regime democrático,que cresce com a pobreza e com a desigualdade que existem na AméricaLatina”. Segundo a historiadora em nações onde háuma crise democrática, “aparece o clientelismo forte que, aomesmo tempo, debilita a democracia e os partidos políticos”.A historiadora afirmou que a lógica doclientelismo é que se troca bens e serviços,cargos públicos, atividade econômica para atender osmais pobres, sem que haja um intercâmbio disso com lealdadepolítica e lealdade eleitoral.“Negocia-se entre si repartindo mordomias ecargos e isso rompe por completo a lógica da democracia e daigualdade de direitos, que é inerente à democracia.Esse é um ciclo que põe em perigo o desenvolvimento portoda a América Latina”, advertiu.Nesse cenário, Milda Rivarola afirmou que atendência é de os pobres no continente continuaremsem direitos. Segundo alertou a socióloga, que desenvolve umtrabalho de consultoria para a Organização das NaçõesUnidas (ONU) no Paraguai, os pobres latinos “vivem de favor, vivempor ajuda e por troca de favores”.Ela avaliou que em teoria, pelomenos, isso deveria ser um direito deles, mas acaba fazendo-os perdera liberdade política. As palestras do 2º Curso para DiplomatasSul-Americanos, organizado pela Fundação Alexandre deGusmão, se estenderão até o próximo dia20. Participam do evento cerca de 40 diplomatas e acadêmicossul-americanos.