Juliane Sacerdote e Luziane Ximenes
Da Agência Brasil
Brasília - A desapropriação da fazenda Guerra, na região norte do Rio Grande do Sul, para fins de reforma agrária, não é um pedido apenas dos sem terra. Os prefeitos dos municípios envolvidos também apoiam a causa. Hoje (14) um grupo de prefeitos veio à Brasília se encontrar com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e cobrar uma posição do governo sobre a situação da fazenda.O ministro afirmou que a intenção do governo é “comprar a fazenda para fazer o assentamento das famílias que estão acampadas”, mas não estipulou prazos. Já o prefeito do município de Coqueiros do Sul, Acácio de Souza, explica que a área da fazenda é produtiva, mas o governo “deve desapropriá-la, já que existem interesses sociais envolvidos”.A fazenda Guerra tem nove mil hectares e se estende por três municípios da região norte – Carazinho, Coqueiros do Sul e Pontão. O dono, Félix Guerra, já presenciou nove ocupações dos manisfestantes. A última ocupação foi feita no dia 11 e durou apenas uma dia, como forma de “alerta ao governo federal”, segundo informações da assessoria do MST. Além da ocupação, foi realizada uma marcha, no município de São Gabriel, com mais de duas mil pessoas.Pelos menos 700 pessoas estiveram presentes na ocupação. A primeira ocupação na região foi feita em 2004. De lá pra cá, pelos menos 700 famílias se instalaram nos três acampamentos que existem ao redor da região da fazenda.De acordo com dados do próprio MST, a desapropriação da fazenda Guerra, poderia assentar 420 famílias e gerar mais de 1.500 empregos diretos. Os sem terra argumentam que a fazenda não traz o “devido desenvolvimento a região”, e que por isso, “deveria ter suas terras redistribuídas”.Ainda segundo informações do MST, esse mesmo grupo de prefeitos enviou documento com pedido semelhante à Presidência da República, ainda no ano passado, mas não obteve resposta.Casos semelhantes e de ocupação acontecem nas fazendas: Southall, município de São Gabriel, região de fronteira com o Uruguai; na fazenda Pantano, no município de Pedro Osório; e na fazenda Granja Nenê, em Santa Rita.A fazenda Anoni, município de Pontão, também com nove mil hectares, foi desapropriada e abriga hoje mais de 400 famílias. Nesse espaço existem seis escolas e uma produção anual de 20 mil sacas de trigo, 150 milhões de sacas de soja, 35 milhões de sacas de milho e seis milhões de litros de leite, entre outros produtos. Tudo isso é produzido pelas próprias famílias e servem como consumo próprio. O acampamento na região, agora desapropriada é antigo, data ainda na década de 80.Na região sul, existem hoje pelo menos 2.500 famílias acampadas e um número de 12 mil famílias efetivamente assentadas em cerca de 300 assentamentos diferentes espalhadas pelos três estados.