Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Estudantes de 250 escolas públicas de ensino fundamental e médio do estado de São Paulo vão participar, a partir do dia 16 de abril, de um programa de mobilização para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e da aids. O programa, que faz parte da VII Semana da Assistência Farmacêutica, organizada pelo Conselho Regional de Farmácia (CRF), é uma ação conjunta do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, com apoio do Ministério da Educação.A mobilização nas escolas paulistas é parte do “Programa Saúde e Prevenção nas Escolas”, um projeto que foi lançado em 2003 em todo o Brasil, em parceria com os governos estaduais e municipais, e com apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).“A proposta desse projeto é de promover, no ambiente das escolas, um debate sobre as DSTs e aids, a gravidez na adolescência e a importância do uso do preservativo”, explicou Maria Adrião, assessora técnica do Programa Nacional de DST-Aids do Ministério da Saúde, em entrevista hoje (12) à Agência Brasil durante o lançamento do programa em São Paulo.A intenção de se desenvolver esse projeto nas escolas, destaca Adrião, foi determinada porque “a escola é um espaço de debates e de reflexão sobre essas temáticas”, além de contar “com um número considerável de adolescentes e jovens”. Os trabalhos nas escolas serão conduzidos por professores, jovens ou representantes da sociedade civil local, que vão receber treinamento de um grupo gestor federal (composto por representantes do Ministério da Saúde e da Educação e de organismos internacionais). “São esses atores de transformação social que vão fazer esse trabalho nas escolas”, disse Adrião.“A proposta é incorporar, no projeto político pedagógico das escolas, ações permanentes e continuadas sobre discussão de saúde sexual e saúde reprodutiva”, informou. Para trabalhar o tema nas escolas foi desenvolvido um kit de mobilização, contendo materiais como questionários em papel e cds para avaliar o conhecimento e a vunerabilidade dos adolescentes e jovens ao vírus HIV. São Paulo vai ser o primeiro estado do país a utilizar o kit em larga escala nas escolas, depois de testes em Pernambuco, Ceará e Pará.“O foco desse kit são os estudantes do ensino médio e a proposta é que o aluno, a partir das respostas ao questionário, avalie se ele já se expôs a alguma exposição de situação de risco para as DST-Aids”, afirmou. O questionário é respondido de forma sigilosa e pretende estimular os alunos a procurarem um posto de saúde para conseguir informações sobre as doenças sexualmente transmissíveis ou fazerem o teste do HIV. A intenção do programa é de atingir 60 mil alunos em São Paulo. Segundo o Ministério da Saúde, 15% dos casos notificados de aids, atualmente, ocorrem em jovens até 24 anos, sendo que 64% da transmissão do vírus HIV, na faixa de 13 a 24 anos, é por via sexual. Entre 1980 e 2006, mais de 33% dos casos notificados no Brasil estavam na faixa até 29 anos.“Se a gente levar em consideração que o tempo médio de incubação do vírus HIV é de uns dez anos, provavelmente esse público se expôs ao vírus na adolescência”, alertou Adrião.Para o estudante Filippo Almeida, 17, de São José dos Campos (SP), a idéia do programa é “maravilhosa”. “O adolescente, que está ali obrigatoriamente estudando, automaticamente já vai ter acesso (às informações sobre) saúde, o que nem sempre é fácil”, disse. Almeida é membro do Grupo de Adolescentes Multiplicadores (GAM), uma organização não-governamental de sua cidade, que hoje desenvolve um projeto de capacitação de adolescentes para a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e da aids.