Policiais do Rio discordam da intervenção das Forças Armadas no combate ao crime no estado

12/04/2007 - 17h11

Mariana Rozadas
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Policiais militares e civis discordam que a intervenção das Forças Armadas no combate ao crime no Rio de Janeiro seja a medida ideal para garantir a segurança no estado. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Rio de Janeiro, Fernando Bandeira, reconhece que as Forças Armadas podem auxiliar no combate ao crime urbano, mas afirma que a finalidade maior é defender a soberania nacional."A participação de homens e mulheres do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, ou seja, das corporações militares no trabalho ostensivo nas ruas do Rio de Janeiro, como aconteceu na época da Eco 92, sem dúvida vai dar a sensação de segurança à população. Mas o Rio de Janeiro não precisa de sensação e sim de segurança. E segurança pública se faz com profissionais preparados, habilitados, bem remunerados e é claro, em quantidade suficiente para combater o crime", argumenta o policial.De acordo com Fernando Bandeira, uma lei do ano de 1983 previa que o efetivo ideal para a Polícia Civil do Rio de Janeiro seria de 23.500 agentes. Este número, segundo o sindicalista, nunca chegou a ser preenchido, o máximo atingido foi de 14 mil policiais, e o último concurso da Polícia Civil aconteceu em outubro de 2001. Bandeira disse ainda que dos 10.500policiais civis em atividade no Rio de Janeiro, pelo menos 20% estão prestes a se aposentar.Para o presidente da Associação dos Policiais Militares e Bombeiros do Rio de Janeiro, Miguel Cordeiro, o governo deve dar prioridade ao investimento em armamentos, viaturas e treinamento da tropa."Enquanto não houver investimento na Polícia Militar, na Polícia Civil, em segurança pública - o que é caro; enquanto não houver um levantamento eficiente que aponte quais são os problemas de cada corporação, o que as polícias militar e civil realmente necessitam, nada será resolvido. A questão não é só o salário", afirmou.De acordo com o governo do estado, atualmente há 39 mil policiais civis e militares no Rio de Janeiro. Mas, segundo cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU), o ideal é que as grandes cidades tenha um policial para cada 250 habitantes. No caso do Rio de Janeiro, este número deveria ser de 60.800 policiais, 50% a mais do que existe hoje.