Pedido de extradição de militar uruguaio aguarda julgamento no STF

11/04/2007 - 19h31

Ana Luiza Zenker*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Justiça encaminhou para o Supremo Tribunal Federal o pedido de extradição do militar uruguaio Manoel Cordero Piacentini, preso em Santana do Livramento (RS) no último dia 26 de fevereiro. A solicitação aguarda julgamento pelo plenário do STF, onde o relator é o ministro Marco Aurélio Mello. A informação é das assessorias do ministério e do Supremo.Piacentini é acusado de sequestro de presos políticos e crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar na Argentina. Ele teria participado de privação ilegal de liberdade e tortura em pelo menos 32 casos de maus tratos a conterrâneos seus alojados no campo de detenção clandestino Automotores Orletti, que funcionou entre maio e novembro de 1976.Conhecido como "Manolo", Piacentini se destacava por ser um dos principais interrogadores e torturadores, segundo indicam sobreviventes, que o acusam de violação de uma jovem que estava cativa ilegalmente no campo.A prisão do uruguaio foi realizada em cumprimento a uma ordem expedida pelo Supremo, em decorrência de pedido de extradição feito pela Argentina em 2005. A este, somou-se outro feito pelo governo uruguaio, no mês passado.No "Automotores Orletti", membros dos serviços de inteligência argentino e uruguaio operavam conjuntamente. Eles estavam sob o comando de Aníbal Gordon, que exibia um retrato de Adolf Hitler no seu escritório, ao lado da sala onde os prisioneiros eram torturados.Estima-se que por ali passaram cerca de 200 detentos, muitos uruguaios. O escritório funcionava como uma das bases da Operação Condor, pela qual as ditaduras latino-americanas coordenaram ações repressivas contra opositores políticos.Saiba mais sobre a ditadura argentina.