Amorim confirma que Lula e Bush querem acordo na OMC em 30 dias

02/04/2007 - 22h50

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Brasil e Estados Unidos acreditam na viabilidade de um acordo, nos próximos 30 dias, na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). O prazo foi mencionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no programa Café com o Presidente desta segunda-feira. Em entrevista coletiva à imprensa, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou a expectativa. “O horizonte de um mês para termos um acordo global foi mencionado vários vezes, portanto é algo muito concreto. Quando os presidentes dizem isso estão fazendo uma dupla manifestação, uma manifestação de vontade política e uma manifestação de possibilidade política”, enfatizou. Amorim reconheceu, no entanto, que não houve avanço concreto no encontro entre Lula e Bush, no sábado (30), em Camp David (EUA). “Não houve nem pode haver. O Brasil não pode resolver só com os Estados Unidos, isso é um acordo a muitas mãos”, reiterou, referindo-se aos cerca de 150 países que integram a OMC. “Não há condição de ter números, mas o avanço em termos de disposição, de calendário já para uma série de reuniões, e a disposição dos líderes de falarem com outros líderes é muito clara”, acrescentou. Em seu programa semanal de rádio, o presidente Lula afirmou que pretende conversar por telefone, ainda nesta semana, com o primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair, e com a primeira-ministra da Alemanha, chanceler Angela Merkel. Amorim também tem agenda cheia nas próximas semanas. Ele se reunirá ainda neste mês, em Nova Delhi (Índia), com a representante de Comércio americana, Susan Schwab; o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson; e o ministro de Comércio indiano, Kamal Nath. Na sequência, deverá participar de encontro do G6 - grupo que lidera as negociações da OMC, formado por Brasil, Estados Unidos, União Européia, Índia, Austrália e Japão. Nova reunião deve acontecer em maio, segundo o chanceler – a multilateralização do processo negociador, com inclusão dos demais membros da OMC, será um dos temas em pauta. As negociações seguem em paralelo, entre altos funcionários dos países envolvidos. “A expectativa é de que alguma coisa deve brotar”, disse Amorim, enfatizando que muito depende de acertos bilaterais ou entre determinados grupos de países. A atual rodada de negociações foi lançada em 2001 e tem como eixo o fim do apoio financeiro concedido pelos países ricos a seus agricultores e a redução de barreiras, nos mercados dos países desenvolvidos, aos produtos agrícolas dos países em desenvolvimento. As nações desenvolvidas condicionam as negociações à abertura do setor de serviços e à facilitação da entrada de produtos manufaturados nos países em desenvolvimento. Há pressa nas negociações porque em julho expira o mandato do Executivo norte-americano para negociações comerciais e sua renovação depende do Congresso americano.