Grazielle Machado
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Embora tenha afirmado que o incêndio ocorrido na semana passada no alojamento estudantil onde viviam alunos africanos possa ter sido um ato de discriminação racial, a decana de extensão da Universidade de Brasília (UnB), Leila Chalub, disse que é preciso esperar o fim da investigação policial para se ter uma conclusão e definir quais medidas serão adotadas. “Essa foi uma ação de pessoas que são intolerantes e possivelmente racistas. É uma ação que pode, inclusive, ser chamada de xenofobia. Mas vamos esperar até que as investigações da polícia sejam concluídas para tomar alguma atitude”, afirmou, em entrevista coletiva hoje (2), após a reunião para discutir o racismo e a xenofobia na universidade.Para o secretário executivo do Conselho Nacional de Combate a Discriminação Racial da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Ivair Augusto dos Santos, a ação criminosa não foi um ato isolado, uma vez que UnB tem um histórico de discriminação.“Na verdade, o histórico de discriminação na universidade já vem de um longo período, mas esse fato provocou uma grande indignação e é preciso tomar providências concretas. Isso não foi um ato isolado, e é preciso fazer uma convocatória para discutir abertamente o assunto".Durante a reunião, a UnB decidiu retomar o Programa Institucional de Combate ao Racismo e à Xenofobia, que existe desde 2004, quando a universidade aderiu ao sistema de cotas para negros no vestibular.Segundo a decana de extensão, a instituição já previa que atos de racismo poderiam acontecer em decorrência do sistema de cotas e por isso o programa foi criado. A intenção, agora, é desenvolver novas ações de combate ao racismo.Nesse sentido, foi instituída uma comissão, formada por representantes da Secretária Especial de Direitos Humanos, do núcleo da faculdade de Direito e da faculdade de Educação, além de movimentos sociais.“Nossa primeira atitude vai ser criar um fórum para discutir o assunto na página da UnB na internet”, disse Chalub, sem informar a data de abertura desse espaço de discussões. Outra medida a ser adotada pela universidade é a criação de duas disciplinas no próximo semestre para discutie a questão racial: pensamento negro contemporâneo e história da África, com 40 vagas cada uma.Na próxima quinta-feira (5), a comissão deve se reunir novamente para discutir novas ações contra o racismo e o aperfeiçoamento do programa.