Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das relações Exteriores, Celso Amorim, negou hoje (2) que alguns assuntos tenham sido motivo de tensão no encontro dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George Bush, no último sábado (31), em Camp David, Estados Unidos. Segundo Amorim, os dois presidentes sequer abordaram assuntos polêmicos, como a situação do Irã e a atuação da Petrobrás na região. "Por uma estratégia de buscar enfatizar o positivo, este tema, onde havia uma diferença, não foi abordado e, muito menos, objeto de qualquer tipo de pressão com relação a nós", afirmou.Para Amorim, foi uma visita "muito substantiva" de trabalho. "Foi, sem dúvida alguma, uma das visitas mais importantes entre chefes de estado, envolvendo um chefe de estado brasileiro, que já pude testemunhar”, disse o ministro a jornalistas. O encontro de Lula e Bush, na casa de campo do presidente norte-americano, durou quase seis horas.Amorim afirmou que nem mesmo a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) gerou tensão entre os mandatários. Em entrevista coletiva após a reunião, nos Estados Unidos, Lula afirmou que este é o tema em que há maiores divergências entre os dois países. Apesar disso, em declaração conjunta divulgada sábado, Lula e Bush reafirmaram a importância da reforma da ONU e comprometeram-se a manter estreita coordenação sobre a reforma do Conselho de Segurança. “Houve uma determinação de buscarmos uma convergência”, revelou Amorim – o tema será tratado por ele e pela secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice.Na avaliação de Amorim, a declaração conjunta dos dois presidentes mostra o aprofundamento do diálogo estratégico entre Brasil e Estados Unidos. O ministro destaca os avanços na chamada cooperação trilateral, envolvendo Brasil, Estados Unidos e terceiros países. Brasil e Estados Unidos definiram quatro países para realização de projetos -piloto na produção de biocombustíveis: Haiti, República Dominicana, São Cristóvão e Nevis e El Salvador. Também comprometeram-se a atuar em conjunto para o fortalecimento do Poder Legislativo de Guiné-Bissau - Memorando de Cooperação neste sentido foi assinado em 30 de março. Lula e Bush anunciaram, ainda, compromisso de cooperar para a erradicação da malária em São Tomé e Príncipe e no combate à malária, à tuberculose e outras doenças em países africanos de língua portuguesa, como Angola e Moçambique. Além disso, propuseram-se a enfrentar a ameaça da gripe aviária, tendo como base a experiência de cooperação no combate à aids em Moçambique e em Angola. Outro tema mencionado na declaração conjunta foi o aprofundamento da cooperação multilateral no Haiti, de forma a apoiar a estabilidade e o desenvolvimento econômico do país. No âmbito nas relações bilaterais, Lula e Bush comprometeram-se a redobrar os esforços em andamento para a conclusão de um acordo sobre a dupla tributação. A expectativa é de que o acordo sobre intercâmbio de informações relativas a tributos - assinado no dia 20 de março, em Brasília - seja o primeiro passo para a cooperação entre a Secretaria da Receita Federal e o Internal Revenue Service.