Sindicatos estaduais decidirão quais atividades serão suspensas durante paralisação da Polícia Federal

27/03/2007 - 22h05

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Caberá aos sindicatos estaduais decidir quais serviços serão mantidos durante a paralisação que os policiais federais agendaram para esta quarta-feira (28).

Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal, Luis Cláudio da Costa Avelar, o atendimento ao público, depoimentos, perícias, investigações e coleta de informações deverão ser suspensos. Apenas serviços essenciais, como a vigilância ou escolta de presos em carceragens federais, serão executados independentemente do local.

Em Brasília, disse, não ocorrerão paralisações ou operação-padrão no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek: “Ele já está praticamente parado. Qualquer mobilização iria agravar a situação para os cidadãos”. Além disso, na capital, devem ser mantidos o atendimento no setor de imigração e de emissão de passaportes: “Entendemos que um dia de paralisação causa transtornos à sociedade e vamos tentar minimizar o sofrimento da população”.

A paralisação de amanhã será inédita, explicou Avelar, porque pela primeira vez todas as categorias de policiais deverão se engajar no movimento. A expectativa dos sindicatos é de que delegados, peritos, agentes, escrivães e papiloscopistas participem da paralisação. “Todos concordam que se não fizermos este movimento ninguém se lembrará da gente. Tudo que ganhamos até hoje foi à custa de muita garra, de muita luta ou através de ações judiciais. Nunca recebemos um centavo por nosso merecimento, o que é muito injusto”, disse.

Além da paralisação de 24 horas, Avelar disse que os policiais federais podem paralisar suas atividades a qualquer momento, uma vez que se encontram em estado de greve desde o dia 15 de fevereiro. “Temos um calendário de manifestações previamente agendadas, com mobilizações esporádicas, até os Jogos Pan-Americanos, em julho. Podemos aumentar essa paralisação, agendar novas ou desmarcar. Depende do governo”, avisou.

Os policiais reclamam o cumprimento de um acordo firmado com o governo em fevereiro de 2006 e que previa reajuste salarial de 60%, dividido em duas parcelas iguais – a primeira seria paga em julho e a segunda, em dezembro. "Nem a primeira parcela atingiu o percentual combinado. Mudaram a fórmula de remuneração, transformando vencimentos em subsídios. Alguns policiais perderam vantagens acumuladas ao longo dos anos”, informou.

A principal queixa é em relação à segunda parcela, que não foi paga: "Essa dívida é um absurdo e uma falta de consideração com um dos órgãos que contam com o maior nível de credibilidade e respeito perante a sociedade”. Os policiais também exigem a criação de um plano de carreira, já que são regidos pela Lei Geral do Serviço Público.

Após reunião com representantes da categoria, ontem (26), o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse serem normais as reivindicações dos policiais. E que o governo iria “processar naturalmente a demanda e tentar chegar a um ponto comum”. Para Avelar, a manifestação não causou surpresa: “Entendemos o esforço do ministro e reconhecemos que o problema não foi criado por ele, mas sim pelo próprio governo, que fez uma promessa e não cumpriu. O ministro apenas admitiu que há um acordo não cumprido e prometeu empenho. Estamos otimistas, mas, de qualquer forma, como ainda não existe nada de concreto além da boa-vontade dele, não podemos desmarcar nossa mobilização”.