Ministra avalia como "vexatória" a participação da mulher na política

28/03/2007 - 0h13

Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - A ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas dePromoção da Igualdade Racial, afirmou hoje (27) na abertura do seminário Democratizar a democracia, a reforma política e a participação das mulheres, que "a situação no Brasil hoje, no que se refere à participação da mulher no Congresso, é vexatória". Ela acrescentou: "A Câmara Federal não chegou a eleger 10% de mulheres e nem 5% de negros em um país de maioria feminina e negra – há muito o que fazer para mudar esse cenário". Segundo Matilde Ribeiro, “existem o machismo, o racismo e várias desigualdades, masé necessário se fazer representar para mudar a ótica e a lógica dasinstituições”. Ela enfatizou que a reforma política deve levar emconsideração a questão de gênero, raça e orientação sexual. O seminário, que será encerrado amanhã (28), reúne representantes de entidades ligadas às lutas femininas, como aSecretaria Nacional de Mulheres do PT, a Marcha Mundial de Mulheres, aArticulação de Mulheres Brasileiras e também a Secretaria Nacional daMulher Trabalhadora da CUT (Central Única dos Trabalhadores).Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que nas últimas eleições, apenas 8% das cadeiras na Câmara dos Deputados foram ocupadas por mulheres – um total de 42 parlamentares. E no Senado Federal, são 12 as mulheres, o equivalente a 15% do total de senadores. No país, são mulheres cerca de 51% da população. Segundo o presidente da Fundação Perseu Abramo, Hamilton Pereira, atualmente “a participação feminina na vida pública brasileira é caracterizada por uma sub-representação”. Ele defendeu a ampliação dessa participação, tanto no processo eleitoral quanto nas candidaturas. A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) destacou, no seminário, que nunca uma mulher ocupou cargo na Mesa Diretora das duas Casas do Congresso Nacional, e que inclusive quase nunca são lançadas candidaturas. Esse exemplo, acrescentou, mostraria "como é tratada a questão de gênero dentro das instituições".