Segundo professor, Uruguai negocia com Estados Unidos por "lógica modernizante"

26/02/2007 - 11h41

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro (Brasil) - A iniciativa do Uruguai de buscar entendimento econômico com os Estados Unidos apenas segue uma lógica mais ampla vinda do contexto político após a Segunda Guerra Mundial, a partir de quando a maior potência do mundo impulsionou crescimento de vários países. A conclusão é do diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI), Eiiti Sato.Os presidentes de Uruguai, Tabaré Vazquez, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se reúnem hoje (26) na cidade de Colonia Del Sacramento para assinar acordos comerciais e discutir propostas para reduzir as assimetrais das duas economias integrantes do Mercosul. Uma negociação do acordo com os Estados Unidos pode ser contrário a vários pilares da formação do bloco, como a união aduaneira, responsável pela unificação das tarifas de importação dentro e fora do grupo de países.Segundo o professor Eiiti Sato, o Uruguai negocia como forma de seguir uma tendência do pós-guerra. “Desde que as nações saíram da Segunda Guerra Mundial todas as que conseguiram se modernizar e crescer são as que se integraram à economia americana. É o que a história mostra. Foi o caso da então Comunidade Européia, do Japão, depois vieram os tigres asiáticos e mais recentemente estamos vendo a China e a Índia, que também são economia que têm revelado dinamismo e crescimento”, disse em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.O professor explica que uma característica comum a todos esses países é a integração com a economia americana e, por isso, é "evidente" que o governo uruguaio esteja olhando isso. “Da mesma maneira como tem se debatido, aqui no Brasil mesmo, essa dimensão da integração internacional que aparentemente não tem existido na região. Um ou outro país, como são os casos do Chile ou do México, tem conseguido resultados de desempenho que se aproximam do que fizeram os tigres asiáticos e o que vêm fazendo a China e a Índia”, analisou.Na avaliação de Sato, atualmente há no Mercosul uma situação de muita expectativa e em certos casos de uma "certa decepção", de que o bloco pudesse servir de instrumento para o desenvolvimento de todas as nações e em particular das economias menores do sistema. “Apostavam muito neste arranjo e aparentemente o resultado tem ficado aquém das expectativas. No caso de iniciativas que poderiam beneficiar algumas regiões foi criado o Fundo Estrutural do Mercosul, a exemplo do Fundo Estrutural da União Européia. De qualquer modo, o potencial de dar um impulso ao crescimento econômico é muito limitado. Então é muito difícil que o bloco venha, como se diz na linguagem popular, decolar. Neste sentido é que essas expectativas não têm sido atendidas”, concluiu.