Falso ganhador da loteria sacou 107 prêmios no mesmo dia, diz senador

26/02/2007 - 18h58

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apontou duas possíveis formas de execução da suposta lavagem de dinheiro com prêmios de loterias da Caixa Econômica Federal, ambas com a conivência de funcionários do banco. Dias apresentou hoje (26) ao plenário documentos que comprovam a fraude, segundo ele.Uma das formas é a seguinte. O interessado em legalizar dinheiro sujo deposita-o numa agência. O servidor usa o montante para pagar o prêmio ao verdadeiro ganhador e repassa o bilhete ao fraudador, que saca dinheiro limpo, como se tivesse dado sorte na loteria.Como o vencedor tem até 90 dias para sacar seu prêmio, ele pode acumular vários bilhetes falsos (de valor baixo) até atingir o total que depositou e retirar tudo de uma vez. O senador não revelou que vantagem o bancário poderia levar, como, por exemplo, devolver um valor menor ao fraudador e ficar com a diferença.A segunda possibilidade, segundo Álvaro Dias, seria o servidor armar um esquema com o criminoso e avisá-lo quando o verdadeiro ganhador fosse sacar o prêmio. Assim, ele poderia simplesmente comprar o bilhete, oferecendo, possivelmente, um valor maior. O senador não detalhou como seria o procedimento.Num dos exemplos apresentados por Álvaro Dias, Aparecido Rocha teria ganhado 109 prêmios que somavam R$ 310 mil. Destes, 107 foram sacados no mesmo dia (26 de fevereiro de 2002). Já Vitório Basso, segundo o relatório, sacou R$ 4 milhões por conta de 17 bilhetes apostados no mesmo dia em diferentes casas lotéricas.O senador ressaltou que algumas pessoas premiadas respondem na Justiça por crimes como receptação, estelionato, homicídio, sonegação fiscal, contrabando, porte de arma, evasão de divisas, loterias clandestinas, crimes contra o sistema financeiro, declaração falsa e lesão corporal.