Trabalhadores sem terra preparam novas ocupações no interior paulista

22/02/2007 - 18h43

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Mais três áreas deverão ser ocupadas por trabalhadores rurais sem terra na região de Araçatuba e Andradina, no noroeste do Estado de São Paulo, de amanhã (23) até a próxima semana. A informação foi dada hoje (22) pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf), José Carlos Bossolan. O Sintraf está engajado nas ações, iniciadas em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no último domingo, nas regiões do Pontal do Paranapanema e Nova Alta Paulista, no oeste do estado.De acordo com Bossolan, os locais do mapa escolhidos para a entrada dos militantes em favor da reforma agrária estão espalhados em propriedades de sete municípios (Araçatuba, Andradina, Castilho, Nova Independência, Murutinga do Sul, Guaraçaí e Itapura). Neste último, 100 famílias ligadas ao Sintraf deixaram ontem (21) a Fazenda Cachoeira, onde estavam desde domingo (18). As famílias haviam montado o acampamento, em ações simultâneas às das regiões vizinhas do Pontal do Paranapanema e Alta Nova Paulista, que somaram 13 treze ocupações. Hoje (22), o MST e o Sintraf mantinham as ocupações em 12 fazendas. Até à tarde, o Comando de Policiamento do Interior (CPI-8) ainda não tinha recebido nenhuma ordem para retirá-los. O presidente do Sintraf classificou a saída da fazenda Cachoeira de "medida de prudência". Já o coordenador do MST, Wesley Mauch, negou tratar-se de um recuo. “Apenas quisemos aguardar um pouco mais para que se concretizem as relações já estabelecidas na luta para obter essa área”, afirmou. Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Cachoeira teve ação de desapropriação ajuizada na Justiça em 21 de novembro de 2005, juntamente com o devido depósito dos Títulos da Dívida Agrária (TDAs) no valor de R$ 7,1 milhões. A área tem 992 hectares, com capacidade para assentar 62 famílias. Só na região de Araçatuba e Andradina, existem hoje 11 acampamentos com 1.600 famílias. Lá existem pelo menos dez áreas onde podem ser feitos assentamentos, informou Bossolan. Ele disse que a intenção é usar a estratégia de ocupações “em doses homeopáticas”. Ou seja, as áreas listadas não serão invadidas de uma só vez, e sim em etapas crescentes. “O que queremos é agilizar o andamento dos processos de desapropriação, que hoje estão emperrados tanto na Justiça como em esferas do Incra e do Itesp [Fundação Instituto da Terra do Estado de São Paulo]”, justificou. Ele disse que, entre as áreas, há fazendas que foram vistoriadas em 2001 e 2003 e que, de um total de 47 locais, ocorreram apenas 15 ou 16 desapropriações. Bossolan estima que, em todo o estado, 12 mil famílias tenham sido assentadas, enquanto 10 mil acampadas aguardam o recebimento de lotes.