Resgatados no Maranhão 78 empregados em situação de trabalho escravo

23/02/2007 - 0h35

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) do Maranhão resgatou 78trabalhadores em situação de trabalho escravo em duas fazendas doestado: a Canaã, situada no município de Bom Jardim, e a Mirabela 2,que fica na estrada que liga os municípios de Santa Luzia do Tide eAlto Alegre do Pindaré. Segundo o coordenador do Grupo Móvelde Combate ao Trabalho Escravo da DRT de Maranhão, Carlos Henriqueda Silveira Oliveira, na fazenda Canaã foram resgatados 32trabalhadores.  "As condições do alojamento dos empregados,onde eles dormiam, eram muito precárias. Havia muitos animaisdentro do alojamento: galinha, porcos, cachorro", afirmou em entrevistaà Agência Brasil.Ele disse que a fazenda já havia iniciado um processo de endividamento dos empregados. "O gato [aliciador de mão-de-obra irregular] jáestava começando a desenvolver esse sistema para prender o empregado nafazenda por dívida". Oliveira explicou que são oferecidas mercadoriaspara os empregados, como roupas ou cigarro, e, ao finaldo mês, o valor dos produtos é descontado do salário do trabalhador. "Normalmente,essa mercadoria é vendida bem acima do valor de mercado. O empregado,com isso, fica sempre em débito com o gato e não sai da fazenda porqueestá devendo". Segundo ele, os trabalhadores ganhavam no máximo R$ 150por mês. O proprietário da fazenda Canaã não estava no local nomomento da fiscalização da DRT. "Encontramos, no entanto, o gatoque estava armado e foi preso em flagrante por porte ilegal de arma". Ogato é conhecido na região por Zé Paulo e, segundo Oliveira, já foilibertado. "Ele ficou só dois dias preso por causa de um pedido doadvogado da fazenda". Já  na outra fazenda, aMirabela II, foram resgatados 46 trabalhadores em situação de trabalhoescravo, sendo que 12 dormiam em um curral. "A situação erahorrível. Os empregados armavam as redes em cima das fezes dosanimais. Não sei como alguém conseguia dormir em uma condição daquela",disse. Os outros trabalhadores dormiam em um barraco de madeira, seminstalações sanitárias. Entre os empregados em situação de trabalhoescravo, foram encontrados dois jovens de 15 anos.Nas duasfazendas, os proprietários pagaram indenizações aos trabalhadores emtorno de R$ 40 mil, além de assinar termo de ajustamento de conduta, secomprometendo a não contratar mais empregados nessas condições. Essafoi a primeira operação de 2007 do Grupo Móvel de Combate aoTrabalho Escravo da DRT do Maranhão.