Embaixador brasileiro no Uruguai defende respeito às "obrigações" com Mercosul

23/02/2007 - 19h40

Carolina Pimentel
Enviada especial
Montevidéu (Uruguai) - O embaixador do Brasil no Uruguai, José Eduardo Felício, defendeu hoje (23) que os países do Mercosul busquem formas de ampliar seus mercados sem descuidar dos compromissos com o bloco.Na capital uruguaia, ele deu entrevista coletiva sobre o encontro entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Uruguai, Tabaré Vázquez, marcado para a próxima segunda-feira (26). "Cada um de nossos países têm interesse em ampliar seusmercados para outras direções, mas deve-se considerar as obrigações quecada um tem com o Mercosul", afirmou Felício.O embaixador brasileiro acrescentou que existe uma proposta para que oMercosul negocie acordo com os Estados Unidos, como já vem negociandocom a União Européia. "Estamos convencidos de que juntos somos maisfortes."Os desequilíbrios comerciais do Mercosul deverão serabordados na reunião entre Lula e Vázquez, no dia 26, na cidadehistórica de Colônia do Sacramento, localizada a 200 quilômetros dacapital uruguaia. O governo uruguaio queixa-se do déficit comercial que enfrenta dentro do bloco e, por isso, tem buscado outros parceiros comerciais, como os Estados Unidos.O Uruguai negocia acordo comercial com os norte-americanos, o que muitos especialistas consideram uma espécie de primeiro passo para um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos. As regras do Mercosul impedem que os sócios firmem TLC com nações de fora do bloco.O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, visitará, no próximo mês, cinco países da América Latina, entre eles, Brasil e Uruguai.Indagado se Lula e Vázquez vão discutir o impasse entre uruguaios e paraguaios a respeito da instalação de uma fábrica de celulose às margens do Rio Uruguai, na fronteira dos dois países, o embaixador brasileiro no Uruguai respondeu que as agendas de conversas dos presidentes são abertas.A fábrica da empresa finlandesa Botnia está em construção no lado uruguaio do rio. Com isso, o Uruguai receberá investimentos de mais de US$ 1 bilhão. Já os argentinos, que vivem do turismo na regiao, argumentam que a fábrica provocará danos ambientais.Sobre a reabertura do Banco do Brasil no Uruguai, José Eduardo Felicio respondeuque o sindicato dos bancários uruguaios e diretoria do banco negociamuma saída extrajudicial, mas não garantiu se a medida será anunciadadurante a visita de Lula. O Banco do Brasil encerrou suas operações no país vizinho em 2001 e enfrenta um processo na Justiça uruguaia.