Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os proprietários das 13 fazendas ocupadas durante o feriado de carnaval, na região do Pontal do Paranapanema e Nova Alta Paulista, começaram hoje (22) a preparar a documentação necessária para pedir na Justiça liminar de reintegração de posse dos imóveis. A informação foi dada pelo presidente nacional da União Democrática Ruralista (UDR),Luiz Antonio Nabban Garcia. “Tenho certeza de que todos os pedidos [dos ruralistas] serão atendidos”, disse Garcia.De acordo com Garcia, ocupar as áreas durante o carnaval foi uma estratégia dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos sindicatos de empregados no campo filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) para prolongar o tempo de atuação, já que, nos feriados, as repartições públicas permanecem fechadas, e isso dificulta a mobilização dos fazendeiros para reivindicar a desocupação. Ele acredita que de, hoje até sexta-feira (23), os pedidos possam ser viabilizados e atendidos.Perguntado sobre a queixa do coordenador do MST na região, Wesley Mauch, de que o processo de reforma agrária não tem avançado, o líder ruralista admiitiu que isso é um fato. “Não avançou no governo Alckmin [ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin]”, afirmou Garcia, que disse esperar pela reversão dessa inércia na atual gestão, de José Serra. Para o líder ruralista, “o governo teria condições, sim”, de atender as famílias que aguardam assentamento naquela região, onde, segundo informou, existem cerca de 300 mil hectares ou cerca de 20% da região do Pontal passíveis de implantação da reforma agrária. “Se houvesse boa vontade e se avançasse nos acordos [que os fazendeiros se dizem dispostos a fechar], se evitaria, inclusive, desperdício do gasto público, mas parece que existe uma certa paralisia”, ressaltou.Garcia ressaltou que, embora os fazendeiros estejam dispostos a fazer acordo, é “preciso também saber qual a garantia de que vão cessar as invasões após o assentamento das famílias“. Para o presidente da UDR, o processo está associado a um princípio político-ideológico. “É uma ideologia anacrônica, porque eles [líderes do MST] pregam uma coisa que o mundo inteiro já enterrou. E, assim, não vamos avançar em uma reforma agrária digna e eficiente”, afirmou Garcia. O representante dos ruralistas disse que essa situação deveria ser vista pelo governo, que, segundo ele, já estaria preocupado em efetuar uma reforma agrária com qualidade, e não quantidade.