Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Todos os dias, oSindicato dos Trabalhadores em Telemarketing (Sintratel) de São Paulo éprocurado por mais de 30 trabalhadores que se queixam de doençasrelacionadas às atividades realizadas diariamente.
Ainformação é da presidente interina da entidade, Valmira Luiza, paraquem o decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nasegunda-feira (12), mudando as regras na concessão do seguro poracidente de trabalho, irá melhorar as condições para que essestrabalhadores desenvolvam suas atividades.
“Por conta desse compromisso do governo, de desenvolvimento econômicojunto com o bem-estar social, isso nos dá uma garantia maior de poderpleitear melhorias para nossa categoria, porque nós temos ao nosso ladoum governo compromissado com a necessidades dos trabalhadores”, disse.
Deacordo com Valmira Luiza, os operadores de telemarketing passam cercade cinco horas diárias repetindo um texto preparado pela empresa,geralmente na mesma posição, com apenas dez minutos para pausa. “Nossacategoria, atualmente, é uma das recordistas em acidente de trabalho.Nós realizamos uma atividade muito complexa: durante toda a jornada,nós temos que falar, ouvir, digitar e, muitas vezes, os equipamentossão inadequados. É um trabalho estressante", acrescentou.
Lesõespor esforço repetitivo (LER), perda de audição, desenvolvimento decalos nas cordas vocais e até mesmo a perda da visão estão entre asprincipais doenças desenvolvidas pelos operadores de telemarketing. Maso Sintratel, segundo a presidente interina, enfrenta muitasdificuldades para garantir ao trabalhador um atendimento adequado e orecebimento da Comprovação de Acidente de Trabalho (CAT).
“Muitasvezes, é alegado que esse trabalhador adquiriu a LER lavando louça,porque a nossa categoria, em sua maioria, é formada por mulheres. Émuito difícil o reconhecimento de que o acidente foi realmenteocasionado pela atividade laboral”, explicou.
Osindicato estima que haja mais de 40 mil operadores de telemarketing nacidade de São Paulo. Em todo o estado, esse número sobe para 100 mil.Atualmente, eles trabalham 36 horas por semana, mas o Sintratel querlimitar a jornada a 30 horas.
ValmiraLuiza lembra que essa é uma das categorias profissionais mais novas dopaís, tanto que não há regulamentação da Consolidação das Leis doTrabalho (CLT). Por essa razão e pelo alto índice de registro dedoenças relacionadas ao trabalho, ela considera indispensável que osoperadores tenham registro profissional. “Para nossacategoria, o registro em carteira é essencial, porque a maioria dostrabalhadores é jovem, geralmente é a primeira experiênciaprofissional, e eles ainda estão vulneráveis a acidentes”, acrescentou.