Manoela Alcântara
De A Voz do Brasil
Brasília - O início do período escolar traz angústia para muitas famílias. Além doslivros e cadernos, é necessário reservar parte do orçamento doméstico para acompra de uniformes. Nas escolas públicas, os livros costumam ser entreguesgratuitamente, principalmente para estudantes do ensino fundamental. Já ouniforme escolar, em geral, fica por conta dos pais.OMinistério da Educação não repassa dinheiro para os municípios distribuíremgratuitamente blusas, shorts e sapatos padronizados. Segundo o presidente do Fundo Nacionalde Desenvolvimento da Educação (FNDE), Daniel Balaban, a inclusão desse itemteria um custo muito alto.“Ogoverno federal não tem condição, hoje, de intervir ou olhar uniforme para 37milhões de alunos só na educação do ensino fundamental em todo o país. Ficariamuito caro. É um programa extremamente oneroso e centralizado, de difícilefetivação”, diz Balaban.Segundo ele, para distribuir uniformes, osestados e municípios podem utilizar dinheiro do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e deValorização do Magistério (Fundef) e do salário-educação.Aalternativa vem sendo adotada no Rio de Janeiro. No município, alunos dascreches, educação infantil e do ensino fundamental são conhecidos comolaranjinhas. A prefeitura distribui para os alunos da rede pública uniformes degraça em tons de laranja. A distribuição é custeada com dinheiro do Fundef, dosalário-educação e do tesouro municipal.Independentementede quantos filhos uma família tem, cada criança recebe duas camisetas e umabermuda para freqüentar as aulas. De acordo com a diretora do departamentogeral de administração da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, LúciaCarvalho de Sá, cada família gastaria cerca de R$ 40 reais por aluno comuniforme.Para aprefeitura, que compra as peças em grande quantidade, o uniforme completo,contando as duas camisetas e a bermuda custa, em média, R$ 12. A distribuiçãode uniformes, segundo a coordenadora, incentiva as crianças a irem para aescola.“Se nãofosse essa distribuição, muitos alunos não teriam condições de freqüentar aescola por falta de roupas adequadas. Porém, é importante frisar que não ter ouniforme não é impedimento para a freqüência escolar”, ressalta Lúcia.Adona-de-casa Rosângela da Costa têm dois filhos que estudam na escola pública.Para ela, além da economia no orçamento familiar, a distribuição gratuita dosuniformes também é uma forma de inclusão social e segurança.“Todos estãovestidos de forma igual, assim ninguém discrimina ninguém. Com o uniforme igualtambém fica mais fácil de identificar as crianças, saber se elas estão naescola”, diz Rosângela.