Bárbara Lobato
Da Agência Brasil
Brasília - “Criança no trabalho é melhor do que nas ruas” é um mitocomum na cultura brasileira. A coordenadora nacional de Combate à Exploração doTrabalho da Criança e do Adolescente, Jane Araújo dos Santos, diz que, ainda,algumas famílias obrigam crianças a realizar trabalhos que prejudicam aeducação.“Apenas 3% das crianças que começam a trabalhar entre cincoe onze anos conseguem alcançar o ensino médio. E apenas 12% dos jovens entre 12e 15 anos que entram precocemente no mercado de trabalho chegam a esse mesmoensino médio”, disse Santos na entrevista concedida hoje (29) à Rádio Nacional.São consideradas exploração do trabalho infantil trabalhosque evidenciam situações de risco para crianças e adolescentes. Ela defende quea solução para as crianças que trabalham é uma formação sólida na educação paraque, a longo prazo, seja formado um “adulto adequadamente profissionalizado”.A coordenadora ressaltou que a retirada das crianças dasruas é o primeiro passo para combater o círculo vicioso da pobreza. “Sabemosque se a pessoa não estuda e não se profissionaliza adequadamente, não temcondições de competir no mercado de trabalho, cada vez mais exigente”.Um termo assinado entre o Ministério do DesenvolvimentoSocial e Combate à Fome (MDS) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) naúltima quinta-feira (25) pretende atuar na erradicação do trabalho infantil nopaís. O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PET) tem duração de doisanos, mas pode ser prorrogado dependendo dos resultados."É preciso que haja uma previsão orçamentária para oinvestimento maciço na educação”. De acordo com ela, o Ministério Público do Trabalho vairetirar as crianças dos trabalhos ilegais e inseri-las no PET. Além disso, oprograma visa também a inserção dessas crianças nos programas sociais dogoverno, como Bolsa Família, por exemplo.“Um órgão apenas não tem condição de sanar o problema porcompleto. A questão do trabalho infantil não é fácil de ser lidada e háquestões sociais e econômicas envolvidas”.As crianças que forem retiradas pelo MinistérioPúblico do Trabalho do ambiente de trabalho serão inseridas no PET.  As denúncias sobre trabalho infantil podemser feitas pelo portal www.pgt.mpt.gov.br