Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, defendeu nesta segunda-feira (29) a necessidade de uma ampla reforma política no país. Segundo ele, o sistema político brasileiro está “esgotado” e precisa de acordo para que as mudanças sejam realizadas. Na semana passada, o ministro havia dito que o país seria governável mesmo sem uma reforma política, o que provocou críticas da oposição. Hoje, ele afirmou que o governo federal tem "consciência" de que a reforma política não será feita por iniciativa de um partido ou mesmo de um campo político. “É necessário trabalhar um consenso majoritário, uma hegemonia interna no Parlamento, em cima de alguns pontos fundamentais que possam desobstruir o atual sistema político e encaminhá-lo para um novo patamar democrático, de qualificação jurídica e de qualidade institucional, que coloque a democracia brasileira num outro nível”.O ministro participou de seminário sobre o tema “Reforma política e pacto Federativo: o desafio da informação e o papel da sociedade”, na Assembléia Legislativa gaúcha. “Existe a possibilidade de haver um grande consenso em torno de temas como fidelidade partidária, votação mista, financiamento público das campanhas e na regulamentação de instrumentos que combinem a democracia direta com a democracia representativa”, disse ele. Sobre a revogação de mandato, mediante consulta popular, ou "recall", Genro disse que o governo federal apóia a proposta. “São questões muito complicadas de serem regulamentadas uma vez que o ‘recall’ precisa de uma coerência interna grande, de todo o sistema político e, evidentemente, seria um passo ousado para o desbloqueamento do sistema político brasileiro”, afirmou.Segundo Genro, as mudanças podem sair ainda neste primeiro semestre do ano. “O governo federal vai ao presidente da Câmara e do Senado para apresentar as contribuições da agenda composta pelo Ministério da Justiça e da agenda composta pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social”. Ele afirmou, porém, que o governo federal não vai encaminhar novo projeto sobre o tema para o Congresso. “Primeiro, porque já tem um projeto tramitando e, segundo, porque, se não ocorrer um acordo entre oposição e governo, não sairá a reforma política.”