União de países vizinhos depende de abrir mão de certos interesses, diz Lula

18/01/2007 - 17h17

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os presidentes dos países da América do Sul precisam abrir mão dos próprios interesses em certas ocasiões, sob pena de que a integração da região não avance.“Os governantes precisam evoluir para compreender que muitas vezes temos de atender ao interesse de um outro país, em vez de querer que nossos interesses sejam atendidos” comentou em entrevista antes de deixar o Hotel Intercontinental, no Rio de Janeiro, onde foi instalado o Foro Consultivo de Governadores e Prefeitos do Mercosul – a cidade sedia hoje (18) e amanhã a 32ª Reunião de Cúpula do bloco.“Ou crescemos, amadurecemos rapidamente e paramos com os problemas menores que cada um de nós tem, ou a gente vai terminar o mandato sem conseguir consagrar a integração”, acrescentou.Para uma platéia de prefeitos e governadores dos países do Mercosul, Lula criticou quem prefere fazer acordos comerciais com os norte-americanos. “Vira e mexe ouço: ‘É melhor fazer acordo com os Estados Unidos do que com o Brasil’. Se estiver pensando no imediato, até pode ser, para um mês ou um ano”.Países que são apenas associados ao Mercosul, como Chile, Colômbia e Peru, dedicam-se a intensificar as transações com os Estados Unidos – o primeiro já teve seu tratado de livre comércio (TLC) aprovado e os outros dois ainda aguardam. Os membros do bloco são Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela.Indagado se não estaria preocupado com atitudes “polêmicas” dos presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Hugo Chávez, que têm sido enfáticos em temas como nacionalismo e distanciamento dos Estados Unidos, o presidente brasileiro respondeu que cada um “faz o discurso que melhor entender”. “Cada um de nós acredita nas coisas que são melhores para seu país”.