Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O prefeito de Apuí (AM), Antonio Roque Longo diz estar preocupado com a chegada de levas de pessoas à região do Amazonas onde, em dezembro, garimpeiros encontraram ouro. Longo teme que a atividade acarrete problemas de segurança, de saúde e ambientais. “O garimpo trará alguns benefícios, principalmente para o comércio, hotéis e restaurantes. Agora, para o município como um todo, não acho que ele traga vantagens. Vamos ter muito mais problemas do que benefícios”.Embora esteja em território pertencente ao município de Novo Aripuanã (AM), a recém-aberta Gruta do Juma fica a apenas 70 quilômetros da sede de Apuí, a cerca de 450 quilômetros de Manaus.O prefeito considera um exagero as comparações com Serra Pelada. Da mesma forma que o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), ele acredita que se não forem encontradas novas grotas de ouro além da cinco já abertas, o garimpo deverá se extinguir logo. “Quem chegou primeiro ainda conseguiu tira alguma coisa. Mas, a partir de agora, principalmente com a chegada de tanta gente, está ficando muito difícil achar ouro por lá”. Embora não desconsidere benefícios como o incremento do comércio local, Longo assegura que os problemas decorrentes do aumento de pessoas em uma cidade com cerca de 25 mil habitantes já são perceptíveis. “Na área do garimpo, há uma incidência grande não apenas de casos de malária, mas também de hepatite. E estas pessoas terão de ser atendidas pelo nosso sistema de saúde. Além disso, há muitos casos de infecções intestinais. Nossos médicos temem o aparecimento de casos de cólera devido às condições do local”.Desde o último mês, comerciantes de ouro, transportadores e garimpeiros chegaram a Apuí. Muitos se fixaram na cidade. A maioria foi direto para o garimpo, mas necessita ir à cidade com regularidade. Ainda não se sabe ao certo quantas pessoas se mudaram para região no último mês, mas estima-se que já sejam cerca de 4 mil trabalhadores vivendo direta ou indiretamente do garimpo.Longo garante que os hotéis estão lotados, restaurantes não estão dando conta da demanda e, nos comércios, os produtos se esgotam rapidamente. Embora traga dinheiro, o prefeito diz que a cidade não tem estrutura para atender a demanda repentina. “Não sou contrário à vinda das pessoas, até porque, estamos em um país democrático e não há como impedi-las. Minha preocupação é que não temos condições para suportar um surto de malária ou de doenças infecciosas”.Longo classifica a situação na área de garimpo como degradante. “Vi fotos e vídeos do local e as pessoas que vêm de lá nos contam que a higiene é precária. A água consumida está contaminada por coliformes fecais. Não há sanitários”. Ele confirma que os governos federais e estaduais estão somando esforços para, junto com os garimpeiros, diminuir os impactos que o garimpo possa trazer.