Índios do Espírito Santo decidem retomar protestos em terras ocupadas por Aracruz

18/01/2007 - 19h29

Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - Os 50 índios Tupiniquim e Guarani, que estavam acampados desde ontem (17) em frente ao Ministério da Justiça, desistiram de esperar por uma reunião com o ministro Márcio Thomaz Bastos e resolveram voltar para o Espírito Santo ainda hoje (18). Eles prometem retomar as ocupações nas terras onde a empresa Aracruz Celulose mantêm plantações de eucalipto.Em Brasília, os Tupiniquim e Guarani pretendiam cobrar do ministro da Justiça a publicação de portaria declatória confirmando o parecer da Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre o direito dos índios a 11 mil hectares de terras hoje ocupados pela Aracruz."Resolvemos voltar porque ainda não existem prazos. Nem a portaria [texto] está pronta ainda. Tudo isso está nos obrigando a retornar”, diz o cacique guarani Toninho. Segundo ele, quando o grupo chegar ao estado, será organizada uma assembléia geral, mas “com certeza o território reivindicado será ocupado”.A assembléia será realizada no Espírito Santo, mas envolverá outras tribos, como os Xavantes e os Yanomami. “Vamos colocar a situação para nosso povo, mas já tomamos a decisão de ocupar o território [de 11 mil hectares]."De acordo com informações do ministério, o documento da Funai ainda estaria em análise pela consultoria jurídica. Em dezembro, 200 índios chegaram a ocupar durante dois dias o porto daempresa Aracruz, no Espírito Santo. Saíram de lá mediante um acordo com a Funai e o Ministério da Justiça, que previa a pubicação da portaria ainda em 2006.A Aracruz diz que comprou legalmente as terras em 1967, dez anos antesda Funai começar a identificação das comunidades indígenas na região. Segundo aempresa, as compras foram feitas com legitimidade e há farta documentação paracomprovar isso.A empresa também sustenta que foi feita uma pesquisa histórica comprovando queos Tupinikim não habitavam a área pleiteada, mas sim uma outra, 140 quilômetrosao norte.