Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Ministério Público Eleitoral do Rio de Janeiro deve entrar com uma ação na Justiça Eleitoral, amanhã (19), pedindo a cassação do diploma do deputado estadual eleito e ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins (PMDB). O delegado está sendo investigado por suposto envolvimento com a máfia dos caça-níqueis, juntamente com outros 43 denunciados pela Operação Gladiador, desencadeada na última sexta-feira, pela Procuradoria da República no Rio e pela Polícia Federal.Sendo deputado, Álvaro Lins tem foro privilegiado de parlamentar, o que hoje lhe garante condições especiais para ser investigado e julgado. Caso a Justiça Eleitoral aceite o pedido do Ministério Público, ele perderá esses direitos.Álvaro Lins chegou a ter prisão pedida pela Polícia Federal, mas ele não foi denunciado à Justiça com os outros 43 acusados porque, segundo o chefe da Procuradoria no Rio de Janeiro, Leonardo Cardoso de Freitas, ainda não há provas suficientes sobre seu envolvimento. “A Polícia Federal pediu sua prisão, mas o Ministério Público Federal entendeu que não havia elementos para tanto. Portanto, ele não é réu, ele não foi denunciado e sua prisão não foi pedida. Apesar disso, há elementos que justifiquem o prosseguimento das investigações, em relação a sua pessoa”, disse.Na última semana, o Ministério Público pediu a prisão de 43 pessoas, entre eles policiais militares e civis, advogados, contraventores do jogo do bicho e um jornalista. Dezenove mandados de prisão foram expedidos pela Justiça. Até o sábado, policiais federais já haviam prendido dez dos 19 acusados, na chamada Operação Gladiador.Contra Álvaro Lins, havia apenas um mandado de busca e apreensão. A determinação judicial, no entanto, não foi cumprida porque o delegado foi diplomado como deputado estadual na última sexta-feira (15), dia da operação. O Ministério Público e a Polícia Federal temiam que, como deputado diplomado, Lins tivesse foro privilegiado e, assim, qualquer cumprimento de mandado envolvendo o delegado pudesse anular a operação.Segundo o procurador da República Carlos Aguiar, com o foro privilegiado, Álvaro Lins precisará ser investigado pela Procuradoria-Regional da República. “Se ele perder a diplomação e não for legitimado como parlamentar, ele não obtém esse foro privilegiado. Cabe a nós, do Ministério Público em primeiro grau e da Justiça em primeiro grau, promovermos a responsabilidade criminal dele”, disse.Os 43 denunciados à Justiça estão sendo processados pelos crimes de contrabando de máquinas caça-níqueis e formação de quadrilha armada. As investigações ainda apuram o cometimento de outros crimes como corrupção, roubo, tráfico de influência, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.Além de Álvaro Lins e dos 43 denunciados, outros dez suspeitos de integrarem a quadrilha dos caça-níqueis estão sendo investigados, mesmo sem constarem na denúncia inicial do Ministério Público.