Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro -
O chefe do Departamento de Energia Elétrica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Siffert, informou hoje que os desembolsos do banco para o setor de energia elétrica deverão fechar em torno de R$ 3 bilhões.
O montante é menor do que a média anual dos quatro exercícios anteriores, que somou R$ 4 bilhões, devido à entrada de projetos de menor porte. Segundo Nelson Siffert, isso decorreu da "sazonalidade". “Nos anos passados, você teve um desembolso maior em projetos de geração. Este ano, teve desembolso para um maior número de projetos, mas são projetos de um porte menor, como as pequenas centrais hidrelétricas e biomassa. A perspectiva é que no ano que vem se retomem os desembolsos para projetos maiores”, disse ele.
Hoje, o presidente do BNDES, Demian Fiocca, anunciou a aprovação de financiamento de R$ 570 milhões para a construção da hidrelétrica São Salvador, no Rio Tocantins, além de linhas de transmissão e de sub-transmissão associadas ao Sistema Interligado Nacional.
A usina de São Salvador terá 243,2 MW de capacidade instalada e prevê a geração, durante as obras civis, de 1,6 mil empregos diretos e dois mil indiretos. O tomador do empréstimo é a Companhia Energética São Salvador, que é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), criada com a finalidade de construir a unidade. A operação da nova hidrelétrica será efetuada pela multinacional Tractebel Energia.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileirados Produtores Independentes de Energia (Apine), Luís Fernando LeoniVianna, os recursos necessários para osetor elétrico nos próximos anos, englobando geração e transmissão, são bem superiores àprojeção de desembolsos do BNDES.
“Para não haver problemas dedesabastecimento de energia elétrica, em termos de recursos, sem falarem outras questões, como meio ambiente, seriam necessários US$ 40bilhões, que dariam para a instalação de 40 mil MW de energia no paísnos próximos dez anos”, afirma Vianna. Segundo ele, isso representariauma média de US$ 6 bilhões por ano, durante o próximo decênio.
Opresidente da Apine afirma, contudo, que não há expectativa de que oBNDES arque com 100%do financiamento total dos projetos. Segundo ele, devem entrar em jogorecursos próprios dos investidores, ou mesmo de bancos privados, bemcomo deinstituições de fomento, entre as quais o Banco Interamericano deDesenvolvimento (BID), que já está estudando essa possibilidade.
No anúncio das expectativas deinvestimento do BNDES hoje, Siffert não fez projeções relativas aototal de investimentos necessários ao país no setor. Segundo ele, obanco segue a política do Ministério de Minas e Energia, “que é quemresponde por esse balanço da oferta e demanda de energia”.Siffertespera destacou, por outro lado, que o BNDES tem orçamento para atingirdesembolsos de R$ 10 bilhões/ano para o setor de energia. “Não hánenhuma restrição sob o ponto-de-vista orçamentário. Se chegar a R$ 10bilhões, energia vai estar representando entre 15% a 18% do orçamentoglobal do banco”. Historicamente, o setor já correspondeu a 20% doorçamento do BNDES, lembrou o chefe do departamento de EnergiaElétrica.
A idéia, segundo ele, é buscar viabilizar projetos que permitam maior desembolso para esse setor , no sentido de que a energia deixede ser um fator limitador do crescimento, mas se torne um impulsionadordo crescimento, a taxas sustentáveis e mais significativas.