Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - Os problemas de infra-estrutura no Brasil prejudicam mais os produtores do que as chamadas barreiras externas, como subsídios, quotas e sobretaxas. A avaliação é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que divulgou hoje (12), em Brasília, balanço da agropecuária brasileira em 2006. Segundo a CNA, nos últimos anos, os investimentos em infra-estrutura e logística têm sido realizados praticamente pelo setor privado. "Os investimentos governamentais no setor somam apenas 0,15% do PIB [Produto Interno Bruto], enquanto a China e a Índia investem 3% a 4% no setor", diz o documentos da CNA. De acordo com a vice-presidente de Secretaria da CNA, Kátia Abreu, o ponto principal do prejuízo para a renda dos produtores são a logística e a infra-estrutura. "Isso vai chegar a um ponto de estrangulamento tal que vai tirar o Brasil da competitividade mundial", afirmou. Segundo Kátia Abreu, é necessário implementar não apenas ferrovias, hidrovias e portos, mas também corrigir os "gargalos". Nas últimas cinco safras, o transporte, a logística foram responsáveis por 70% do aumento do custo da produção, informou. "Isso, claro, tem não só o componente da ineficiência, da falta de estrada ou das péssimas estradas, mas também a questão do combustível", completou. Para a CNA, a solução para o país seria "tratar com racionalidade" o transporte de cargas, transformando as distâncias físicas em econômicas. O setor calcula que exista a necessidade "iminente" de investimentos em transportes da ordem de US$ 16 bilhões, nos próximos 10 anos. "Deste montante, US$ 3,3 bilhões se referem aos investimentos públicos; US$ 2,7 bilhões aos investimentos do setor privado; e US$ 7,5 bilhões aos de iniciativa público/privado - as PPPs", descreve o relatório da CNA.