Governo quer negociação do salário mínimo a longo prazo, diz ministro

04/12/2006 - 20h33

Bruno Bocchini*
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse hoje (4) que o governo quer colocar em discussão uma nova política de reajuste do salário mínimo. A intenção seria alterar a política de negociação atual, em que o piso salarial nacional é negociado ano a ano, por uma mais duradoura, com validade de até dez anos. Segundo o ministro, o governo pretende definir a nova fórmula de reajuste pelo menos até o final de 2007.“O que nós observamos nos últimos anos é que houve reajustes reais [no salário mínimo]. O que me parece quase consensual dentro do governo é que nós não temos condição de manter o mesmo nível, o mesmo ritmo", disse Bernardo, em conferência na consultoria Tendências, em São Paulo. "Nós queremos discutir com as centrais sindicais, com a sociedade e com o Congresso uma regulação para definir por um prazo mais longo, dez anos, oito anos, o quanto seria justo [de aumento]”.Na última semana, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, já havia afirmado que deve ocorrer uma mudança na política de definião do salário mínimo. Segundo Marinho, o governo federal está analisando uma mudança para criar um indexador, ligado ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O reajuste pelo PIB já é utilizado atualmente. A diferença é que isso tem que ser ratificado anualmente pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o que tem sido feito pelo governo federal nos últimos três anos, segundo Marinho. A idéia é fazer com que essa medida torne-se uma política de Estado pelo menos pelos próximos 15 anos.O reajuste usa como base a perspectiva de crescimento per capita do PIB. Ou seja, quanto cada cidadão receberia se o crescimento da economia fosse dividido igualmente por todos. “É uma garantia aos trabalhadores de que você tenha um ganho real a cada ano. Esse governo tem colocado assim, mas outro governo colocará?”, questionou Marinho. Segundo o ministro, a proposta deverá ser apresentada às centrais sindicais durante a reunião de reajuste do salário mínimo para 2007.