Salário baixo desmotiva jovem a cursar ensino técnico, afirma professor

08/11/2006 - 23h29

Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - Investir no ensino médio profissionalizante só faz sentido à medida em que são criados postos de trabalho devidamente remunerados. Essa é a avaliação do professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Gaudêncio Frigotto, um dos palestrantes da 1ª Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, encerrada ontem (8).“A profissionalização só tem sentido se a sociedade criar empregos”, diz o professor. Ele explica que a maior parte dos empregos oferece salário abaixo das expectativas do jovem de nível técnico, que “não aceita receber pouco, visto que se especializou”.A falta de perspectiva, na opinião dele, faz ou o jovem deixar a escola antes de concluir o ensino médio ou não procurar por escolas que o preparem para o mercado de trabalho.“Somente 45% dos jovens de 17 a 19 anos fazem o nível médio na idade que deveriam. Se os trabalhos remunerassem melhor, a economia cresceria e empregos seriam gerados”, diz o professor. Ele destaca que o desemprego não é um “mal da tecnologia” e sim “da forma social de se introduzir essa tecnologia”.O ensino profissionalizante, segundo Frigotto, deve ser complementado por uma série de conhecimentos científicos, tecnológicos, culturais, sociais e políticos, passados na educação básica. “O profissional não deve ser adestrado e apenas aprender o que serve ao mercado. Deve aprender, principalmente, o que serve à sociedade”.