Trabalhadores que acamparam na sede do Incra interditam avenida em Recife

08/11/2006 - 17h19

Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Cerca de 1,6 mil trabalhadores ruraisque ocupam, há três dias, a sede do Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária (Incra) em Recife,  fizeram hoje (8) um protesto,interditando o trânsito na Avenida Rosa e Silva, em frente ao prédio dainstituição. Os trabalhadores, das regiões do Agreste, Sertão e Zona daMata, são ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiarde Pernambuco (Fetraf),

Segundo o presidente da Fetraf, JoãoSantos, a medida foi tomada porque as negociações iniciadas com asuperintendente do Incra, Maria de Oliveira, ficaram travadas,principalmente no que se refere à vistoria de terras improdutivas,concessão de créditos destinados a assistência técnica e também aoprograma nacional de educação de jovens e adultos da reforma agrária.Santos  disse que falta liberar R$ 300 mil para que o movimentopossa dar continuidade ao processo de alfabetização dos assentados.

Na opinião de Santos, o atual modelo de reforma agrária adotado no país precisa ser revisto para atender com maior eficácia as necessidades dos camponeses que aguardam programas de assistência técnica, extensão rural e infra-estrutura. Ele defendeu também a realização de “ações no sentido de melhorar a comercialização da produção agrícola dos assentamentos de reforma agrária, para que os produtores saibam que não terão prejuízos na hora de vender o que colheram”.

Maria de Oliveira, que participou de uma audiência publica sobre questões agrárias no município de Bezerros, interior do estado, informou que pretende se reunir com um grupo de trabalhadores da Fetraf ainda hoje. Ela disse que a atitude dos agricultores de interromper o trânsito  na Avenida Rosa e Silva representa uma quebra de acordo, já que o processo de negociação da pauta de reivindicações apresentada está em andamento.

De acordo com a superintendente do Incra, uma das solicitações, a liberação do crédito de infra-estrutura, que tem orçamento previsto de R$ 10 milhões neste ano, já foi encaminhada à presidência da instituição, em Brasília. Maria de Oliveira disse que os outros pleitos estão sendo analisados.

Ela informou que outra questão relevante, que vai beneficiar os trabalhadores de 198 assentamentos de todos os movimentos sociais do estado, é a concessão de crédito, por meio de convênio firmado entre o Incra e Caixa Econômica Federal, para reforma, ampliação e construção de moradias no meio rural.