Marcela Rebelo e Juliana Cézar Nunes
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Apesar de expressar uma visão diferenciada sobre o papel do Estado, alguns pontos dos programas dos candidatos a presidente para os programas sociais poderiam ser considerados complementares. É o que avalia o gestor de relações institucionais da Pastoral da Criança, Clóvis Boufleur.No que diz respeito à saúde, Geraldo Alckmin (PSDB/PFL) afirma que irá investir nas casas de saúde filantrópicas: “Seja pela correção realista da tabela do Sistema Único de Saúde(SUS), seja pela criação de uma linha de crédito para permitir ao sistema recuperar sua capacidade de trabalho.”Lula, por outro lado, destaca o papel do SUS e defende que o Estado não deve transferir à sociedade sua responsabilidade em garantir diretos de cidadania: “A relação de parceria com iniciativas da sociedade é pautada por critérios públicos, submetidos ao controle social dos Conselhos paritários de gestão”.“São duas visões complementares e que resultam em ações igualmente necessárias: fortalecimento das entidades filantrópicas e do SUS. Com as filantrópicas, há um reforço na assistência hospitalar. Com o fortalecimento do SUS, as ações preventivas são ampliadas”, diz o gestor da Pastoral da Criança. Em relação às propostas de acesso a alimentos, para Boufleur, os dois candidatos também teriam projetos complementares. “Alckmin propõe, por exemplo, ampliação de restaurantes populares, medida que atende às necessidades das cidades metropolitanas, mas não funciona nas cidades menores. Já Lula destaca o papel do Bolsa Família, que garante o acesso ao alimento nas regiões mais pobres.”O programa do candidato petista defende o maior impacto do Bolsa Família nas populações dos municípios médios e pequenos e de baixo desenvolvimento econômico, mas reconhece o desafio de superar a pobreza nos grandes centros urbanos. “Será forçoso enfrentar este desafio, dado que a pobreza nos grandes centros urbanos se reveste de características próprias, envolvendo principalmente aspectos relativos ao desemprego, segregação residencial, condições de moradia precárias e dificuldade de acesso aos serviços públicos de qualidade”, lê-se no programa de Lula.