Juliana Cézar Nunes e Marcela Rebelo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Nas eleições de 2002, as conquistas do Plano Real estavam no centro dos debates entre os candidatos a presidente. José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (então PPS, hoje PSB), ex-ministros da Fazenda e Planejamento, reivindicavam a co-paternidade do plano. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizia que a estabilização econômica era um patrimônio dos trabalhadores. A “paternidade” reivindicada nas eleições deste ano mudou de foco, assim como a principal política debatida pelos candidatos. Geraldo Alckmin (PSDB-PFL) e Lula (PT/PRB/PCdoB) discutiram as origens dos programas de transferência de renda. Alckmin diz que as políticas sociais de transferência de renda começaram no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a partir de programas como Bolsa Escola e Vale Gás, por exemplo. Lula afirma que só em seu governo foi construída uma “verdadeira” rede nacional de proteção social não-contributiva, com o Bolsa Família cumprindo o papel de principal mecanismo de transferência de renda a partir da unificação de cadastros dos outros programas existentes. “A política social no Brasil passou, ao mesmo tempo, por uma continuidade e uma ruptura. Existiam programas importantes antes do Bolsa Família, como o Bolsa Escola, que foram integrados. E, sob esse ponto de vista, houve continuidade”, explica a diretora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).“Por outro lado, houve uma ruptura. O Bolsa Escola, só recebia quem tinha criança na escola. Não tinha a concepção de que primeiro é necessário atingir os famintos. Colocar a criança na escola é uma segundo passo. Primeiro, ela precisa deixar de morrer.”Em seu programa de governo, o candidato petista critica a forma como as políticas sociais são elaboradas pela oposição. Afirma que na visão neoliberal, a política social é um “mecanismo de compensação dos efeitos perversos da revolução econômica” e objetiva “tornar os pobres mais empregáveis”.Em seu programa de governo, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB/PFL)diz que irá manter e aprimorar os programas de transferência renda, mas aposta na capacitação profissional como uma das formas de as famílias pobres superarem a exclusão.Ele destaca que os programas de transferência de renda devem estar associados à profissionalização e também à saúde, habitação, ao fortalecimento da família e da mulher, à atenção ao idoso, ao portador de deficiência e aos jovens.