CPI dos Sanguessugas recebe documentos sobre investigação do dossiê

27/10/2006 - 19h55

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas recebeu hoje (27) da Justiça Federal de Cuiabá (MT) os documentos com os resultados da investigação da Polícia Federal sobre tentativa de compra de documentos contra políticos do PSDB. Entre o material está a quebra de sigilo telefônico dos envolvidos com a compra do dossiê, um relatório de cruzamento de ligações telefônicas, com informações de quem ligou para quem e em que data, além de nove CDs com extratos bancários.Toda a documentação relativa às investigações da PF está lacrada e foi colocada no cofre da CPMI. Segundo o presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), o material chegou na manhã de hoje e foi imediatamente trancado. “A documentação veio em meu nome. Foi trancada no cofre e na segunda-feira estarei em Brasília, quando abrirei os documentos”, disse. Integrantes da oposição que integram a CPMI reclamaram por não poder ter acesso à documentação neste final de semana. O sub-relator de sistematização, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse por telefone que se o material fosse aberto, ele viria hoje mesmo à Brasília para analisá-lo. “O material está lacrado e no cofre e a gente não tem acesso. Isso é uma orquestração para vedar o acesso ao material antes do segundo turno das eleições”, acusou.O vice-presidente da CPMI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse que recebeu a informação da chegada dos documentos à comissão pelo secretário-executivo da CPMI, Augusto Panisset. “É bom lembrar que passou toda uma semana para que esse material, que já se encontrava de posse do delegado, pudesse chegar à CPI. Esse fato, pelo menos, evidencia que foi válida a nossa pressão durante toda esta semana, para que o material fosse entregue. E deixa claro que a Polícia Federal tentou, sim, obstruir, ou no mínimo, retardar as investigações da CPMI”, avaliou Jungmann.Raul Jungmann, que ontem havia prometido ingressar na Justiça com mandado de segurança contra o delegado Diógenes Curado, responsável pelas investigações, informou que vai analisar todo o material entregue à CPMI para depois se posicionar sobre a necessidade de entrar com o mandado de segurança contra o delegado.A CPMI dos Sanguessugas já marcou para terça-feira (31) a tomada de três depoimentos de pessoas acusadas de envolvimento com a suposta compra do dossiê contra tucanos. Devem ser ouvidos Gedimar Passos, Valdebran Padilha e Jorge Lorenzetti. Passos e Padilha foram presos em São Paulo com cerca de R$1,7 milhão que seria utilizado na compra do dossiê.