Mariana Schreiber
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Polícia Federal (PF) prendeu hoje (19) 60 acusados de envolvimento em esquemas de fraudes contra a Previdência Social. Nove pessoas ainda estão sendo procuradas pela polícia.Entre os presos, está o vereador Carlos Alberto Balbi Moura (PRTB), de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro. Ele é acusado cometer fraudes também para compra de votos. As prisões fazem parte da operação Anos Dourados, iniciada na madrugada desta quinta-feira. A PF agiu cumprindo 69 mandados de prisão temporária, expedidos pelo juiz federal de Nova Friburgo, Elmo Gomes de Souza.A maioria das prisões foi realizada no estado, onde 51 pessoas - inclusive o acusado de chefiar a quadrilha, José Carlos Barcelos - foram detidas. Outros oito suspeitos foram presos no Paraná e um, em Goiás. Segundo a polícia, as fraudes funcionavam havia cinco anos e causaram prejuízo estimado em R$ 200 milhões ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O esquema tinha participação de cerca de 100 pessoas, que simulavam um suposto período de contribuição para conseguir o benefício previdenciário. Para isso, os fraudadores usavam nomes de empresas, que não estavam necessariamente envolvidas na realização da fraude.Segundo o procurador da República Jessé Ambrósio, o benefício irregular era concedido a partir de informações falsas, incluídas no sistema eletrônico do INSS por meio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social (GFIP), que é inserida mensalmente por contadores cadastrados no instituto. Ambrósio afirma que as fraudes não teriam sido possíveis se não houvesse colaboração de funcionários do INSS. “Além de o contador inserir o dado falso, é preciso que o servidor ignore uma rotina que o INSS determina, de que sempre que houver dados antigos inseridos, realizar uma pesquisa de documentação que comprove as informações”. A operação foi deflagrada pela Força-Tarefa Previdenciária, composta pelo departamento de Polícia Federal, Ministério da Previdência Social e Ministério Público Federal. A Anos Dourados mobilizou 420 policiais federais e teve apoio de 20 analistas previdenciários, que atuaram no Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal.O coordenador da Força-Tarefa Previdenciária no Rio de Janeiro, delegado Anderson de Andrade Bichara, disse que foram suspensos 1.561 benefícios irregulares que causavam um prejuízo mensal de R$ 4 milhões e foram congelados 1.318 pedidos irregulares de aposentadoria que ainda não tinham sido aprovados.“A maioria dos benefícios era de R$ 2,8 mil, o valor mais alto concedido pelo INSS. A quadrilha cobrava de R$ 6 mil a R$ 15 mil para realizar a fraude, geralmente paga com os primeiros meses de benefício recebidos”, explicou Bichara. Entre os envolvidos estão 41 servidores do INSS que, segundo a polícia, têm mais de 10 anos de carreira, além de contadores, advogados e agenciadores. Bichara destacou que também foi realizada a apreensão dos bens dos acusados e o bloqueio das contas bancárias, para garantir o ressarcimento do prejuízo causado aos cofres públicos.