Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - O grupo de indígenas das etnias Xocó, Kariri, Xucuru-Kariri e Kaxango continua em frente à sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Maceió (AL). O prédio foi ocupado no último domingo (15).Ontem (18), paralelamente a esse movimento, um outro grupo formado pelas mesmas etnias ocupou a sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Eles deixaram o local no mesmo dia, após receber 100 cestas básicas.Segundo o cacique Chiquinho, liderança da tribo Xucuru-Kariri, os índios só vão negociar as reivindicações do movimento na presença do presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes.“Queremos que nossos pedidos sejam atendidos. Reivindicamos nossas cestas básicas, o cadastro de reconhecimento das etnias Xoxó e Kaxango; a retomada da demarcação de terras, para que possamos plantar; e acesso à educação", disse, em entrevista hoje (19) à Agência Brasil. "Assistência médica, já temos para 22 famílias, mas ainda têm 38 famílias esperando cuidados médicos”.Outro pedido do grupo é a saída do atual administrador da Funai na região, José Heleno de Souza. “A administração dele é péssima, o atendimento ao índio é muito ruim. Queremos que ele saia, e outra pessoa entre para cuidar dos nossos interesses”, observou Chiquinho.Na avaliação de Souza, que está em Brasília, tanto o movimento na Funai - que estaria impedindo os funcionários de trabalhar - quanto o da Conab são "desnecessários" e estão sendo liderados por um não-índio, o argentino Hector Emílio.O líder indígena afirma que o movimento reconhece a liderança de Hector Emílio e que ele teria "carta branca" para negociar junto com eles. Emílio é casado com uma índia Xacó, jornalista que está atuando como porta-voz do grupo.Segundo o administrador da Funai, para 2006, o Ministério do Desenvolvimento Social disponibilizou 3,9 mil cestas básicas, a serem retiradas pela Funai em Maceió em três etapas, de 1,3 mil cada.A primeira estapa, arescenta Souza, foi liberada pelo ministério, embora o administrador tenha preferido não fazer a retirada. Isso porque, segundo ele, o total de cestas está aquém da demanda. Por isso ele enviou um pedido extra à Funai e ao ministério.“Preferi não retirar as 1,3 mil cestas, porque elas não seriam suficientes para alimentar todos os índios”. O ministério confirma todas as informação de Souza. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, como os recursos do orçamento para a compra das cestas em 2006 foram os mesmos de 2005, o ministério não conseguiu suprir o crescimento da demanda. Também por questões orçamentárias, ainda de acordo com a assessoria, o pedido extra não tem como ser atendido.Cabe ao ministério liberar as cestas e à Conab, distribuí-las. A Funai deve fazer a retirada dos estoques e entregá-las aos índios.O superintendente da Conab em Recife (PE), Eldes Guedes de Andrade, afirma que a segunda remessa de cestas já foi liberada, com pelo menos 2,6 mil disponíveis, que estão à espera da retirada da Funai. Andrade estava em Maceió e acompanhou o movimento dos índios.Souza disse, ainda, que colocou seu cargo à disposição, mas ainda não obteve resposta da presidência da Funai.