Thiago Brandão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “Foi a própria Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) quem propôs uma revisão para os repasses aos índios Xikrin”, disse hoje (20) o administrador-substituto da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Marabá (PA), Carlos Loureiro Júnior.Em entrevista à Agência Brasil, ele informou que um termo de compromisso firmado entre a empresa e os índios no dia 5 de maio deste ano previa, em sua primeira cláusula, que até o dia 11 de setembro seria discutida a revisão dos repasses financeiros que a companhia faz mensalmente à comunidade residente na terra Catete. “O termo foi assinado aqui em Marabá, na Funai. A empresa propôs o item e assinou o documento com os índios. Depois, procurada, recusou-se a participar de qualquer reunião”, afirmou.Segundo Loureiro, o convênio para o repasse de recursos existe porque a área de exploração da Vale é vizinha à terra indígena. “Você tem aqui um impacto ambiental e social, devido à grande circulação de pessoas, materiais, maquinaria. Os lucros são altos. Além disso, os índios precisam vigiar a terra, fiscalizar a integridade do lugar”, explicou Loureiro. Em entrevista coletiva ontem (19), o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, disse que o convênio entre os Xikrin e a empresa existe “há mais de 15 anos”.Os índios ocuparam as instalações da CVRD na terça-feira (17), quando queriam recebidos para discutir o reajuste dos repasses. Ontem (19), concordaram em sair do local porque a Justiça concedeu um mandado de reintegração de posse à empresa. Um acordo intermediado pela Funai marcou para o dia 26, em Brasília, uma reunião entre os Xikrin e representantes da Vale. “A ocupação não ia acontecer. Os índios queriam acampar nas margens do rio Itacaiunas, mas a o caminho até o rio estava bloqueado por tratores da Vale. Então, eles decidiram acampar na própria empresa”, disse Loureiro.Procurada para se manifestar sobre o termo de compromisso e a relação com os índios, a Companhia Vale do Rio Doce informou, por sua assessoria de imprensa, que os diretores estavam ocupados com a compra da Inco – empresa canadense que negocia níquel no mercado mundial –, anunciada ontem.