Convênio apóia produção de álcool combustível a partir de batata-doce no Tocantins

15/10/2006 - 0h48

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Agricultores familiares das cidades de Palmas e Puim (TO) irão participar de um projeto de produção de etanol (álcool combustível) a partir da batata-doce. Cem famílias serão capacitadas pela Universidade de Tocantins para fazer a produção do combustível. A tecnologia foi desenvolvida pela Universidade Federal de Tocantins em parceria com o Instituto Ecológica e será financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Eletronorte. O convênio foi assinado no dia 4.Segundo o reitor da universidade, Alan Barbiero, pesquisadores da instituição fizeram vários cruzamentos genéticos com espécies diferentes do tubérculo até conseguir uma que fosse resistente a pragas e pudesse ser usada para a produção do biocombustível.Ele informou que o álcool produzido com batata-doce é o mesmo da cana-de-açúcar e pode ser comercializado da mesma maneira. Disse também que a substância pode ser melhorada e vendida como álcool químico, usado na produção de remédios.“Uma das vantagens da batata-doce em relação à cana-de-açúcar é que ela pode ser produzida em terras menos férteis”, afirmou Alan Barbiero. “Várias terras no Brasil, como é o caso das de São Paulo e da Zona da Mata do Nordeste, podem ser usadas para o cultivo. Além disso, é uma planta que tem uma necessidade de investimento menor do que o da cana, o que favorece o cultivo para os agricultores familiares”. Por fim, segundo Barbiero, os resíduos da produção podem ser usados como ração animal.Para que os agricultores familiares aprendam a beneficiar o tubérculo e transformá-lo em etanol, a universidade, o Instituto Ecológica e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) darão orientação. “Eles serão treinados na parte de produção industrial, porque cuidar da batata eles já sabem. Agora, precisam saber a usar uma caldeira, precisam aprender a fazer a prensa da batata para extrair o líquido que vai levar o álcool”, explicou.Durante dois anos, a universidade e as instituições parceiras vão monitorar o trabalho dos agricultores e avaliar a evolução das comunidades. Barbieri disse que as comunidades selecionadas já têm um conhecimento de produção e podem assimilar facilmente a organização da produção empresarial. Ele também informou que nesse tempo a usina será gerida por um comitê formado por Eletronorte, Instituto Ecológica, Universidade Federal de Tocantins, Sebrae, Secretaria Estadual de Agricultura e prefeituras de Palmas e Puim. A previsão é transferir a usina aos agricultores familiares ao fim desse tempo.