Investigação sobre dossiê não pode ser feita às pressas, diz presidente do TSE

19/09/2006 - 23h58

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, reafirmou que não pode ser feita às pressas a investigação da tentativa de compra de material que mostraria ligação do esquema de compra superfaturada de ambulâncias com o ex-ministro da Saúde, José Serra, candidato do PSDB ao governo paulista."Não cabe atuar com açodamento. Nós temos que ter um julgamento e não um justiçamento", frisou Marco Aurélio, durante a sessão de ontem (19) do tribunal. Marco Aurélio fez o comentário em cima da decisão tomada pelo TSE de iniciar processo de investigação contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, o ex-assessor da Presidência Freud Godoy e os filiados petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos.Valdebran e Gedimar foram presos na última sexta-feira, em um hotel em São Paulo, com cerca de R$ 1,7 milhão. Eles alegaram que iriam comprar um dossiê com fotos e gravações em vídeo com imagens de Serra em solenidades de entrega de ambulâncias. A venda do material seria feita por Luiz Antônio Vedoin e Paulo Roberto Trevisan, que foram presos, no mesmo dia, em Cuiabá (MT). Gedimar afirmou que o dinheiro teria vindo da executiva do PT e que o seu contato era Freud, que trabalhava no Palácio do Planalto.O advogado do PSDB, José Eduardo Alckmin, disse que o assunto é grave, mas não espera que o resultado do recurso impetrado saia antes das eleições. "Acho que os fatos são gravíssimos e devem ser apurados. Manter recursos como caixa dois, a lei prevê sanções severas, assim como o abuso de poder político", disse.Já o advogado do PT, José Antônio Toffoli, considerou normal a decisão tomada pelo TSE, de abertura de investigação. "Isso faz parte do processo eleitoral. Nas eleições passadas houve diversas investigações semelhantes. É uma tempestade em copo d´água. Este processo não vai dar em nada. É uma exploração política", afirmou Toffoli.