Brasil pode se aproximar da China no uso sustentável do bambu, afirma pesquisador

13/09/2006 - 21h27

Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - A criação do Centro de Pesquisa e Aplicação de Bambu e Fibras Naturais daUniversidade de Brasília (UnB) “é necessária para melhorar as condiçõestecnológicas do uso sustentável desse material”, afirmou hoje (13) o professorJaime Gonçalves de Almeida. Ele é o coordenador do Seminário Nacional deEstrutura da Rede de Pesquisa e Desenvolvimento do Bambu, promovido pelauniversidade.Segundo o professor, várias instituições realizam pesquisas para o uso dobambu, mas de forma descentralizada, e o objetivo do novo centro da UnB éconcentrar toda a cadeia produtiva, das pesquisas à fabricação de objetos com omaterial, a fim de construir um mercado brasileiro competitivo. O bambu é uma planta facilmente encontrada nas florestas brasileiras. Cercade 240 espécies estão espalhadas pelos estados, mas o Acre concentra a maiorquantidade e variedade. A partir do bambu é possível produzir móveis, pisos,tecidos, papel, carvão, forros, vigas, entre outros – são mais de 1,2 milaplicações diferentes. E o impacto ambiental é considerado baixo. O professor disse acreditar que o trabalho de maneira concentrada pode levaro Brasil a se aproximar da China no trabalho com o bambu. O país asiáticoutiliza a planta integralmente, na produção de energia e até para fabricartecidos, além do uso na produção da madeira ecológica (compensados, laminados)que substituem madeiras nobres. “Temos condições de chegar perto da China, porque nossos pesquisadores sãocompetentes e têm o apoio de instituições. O Brasil tem também condições climáticaspara o cultivo extensivo do bambu”, destacou Almeida.Uma rede de pesquisas deverá ser formalizada e implantada em dois anos, comapoio do Ministério de Ciência e Tecnologia, acrescentou o professor. Um dos participantes do seminário, Luciano RobertoMagno, dono de empresa que fabrica móveis e objetos de decoração em bambu, lembrouque a planta está sendo descoberta como matéria-prima. “O bambu é fácil de setrabalhar, pela elasticidade e grande durabilidade”, apontou, ao lembrar oaumento da procura e a boa aceitação pelos compradores.