Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A proximidade das eleições no Brasil e nos Estados Unidos deve impedir avanços significativos nas negociações comerciais entre blocos econômicos, como as que se realizaram semana passada, na reunião do G-20 sobre a Rodada de Doha.A avaliação é do professor da Universidade de Brasília (UnB), o cientista político Ricardo Caldas. Para ele, só a partir de 2007 será possível esperar novos entendimentos entre países em desenvolvimento, Estados Unidos e União Européia.“O presidente Bush [George W. Bush, dos Estados Unidos] não vai querer colocar nenhum tema polêmico demais que possa ser utilizado contra ele pela oposição”.No Brasil, o primeiro turno eleitoral ocorre no dia 1º de outubro. Nos Estados Unidos, a eleição está prevista para novembro.O professor lembrou que, tradicionalmente, os democratas têm um discurso mais protecionista que o partido Republicano. "Então, se Bush quisesse agora fazer algum avanço na Rodada de Doha, com algum tipo de concessão agrícola, por exemplo, isso seria imediatamente inviabilizado pela oposição democrata”, afirmou em entrevista ao Programa Notícias da Manhã da Rádio Nacional.Caldas destacou que não se pode esquecer o risco real de o partido Republicano perder a maioria no Congresso. Isso, segundo ele, também seria outro aspecto "desastroso" para os países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, no que diz respeito à abertura comercial em todo o mundo.“A meta dos republicanos em termos de eleições nos Estados Unidos é simplesmente manter as cadeiras que já têm, se conseguirem manter o número atual, o que é muito difícil, para eles já vai ser considerado como uma grande vitória”.