Conselho de Comunicação Social do Senado discute financiamento para TV pública

07/08/2006 - 21h02

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A necessidade de recursos para as emissoras de televisão públicas e a definição do papel delas foram temas abordados hoje (7), na reunião do Conselho de Comunicação Social (CCS) do Senado, pela presidente da TV Educativa do Rio de Janeiro (TVE Brasil), Beth Carmona, e pelo diretor da TV Cultura, Marco Antônio Coelho Filho. Segundo Beth Carmona, "a falta de recursos vem sendo enfrentada desde a inauguração da primeira TV Educativa, em 1967", e "é crucial diante da participação TV pública no sistema digital a ser implantado no país. Ele destacou que “é preciso oferecer um contraponto de qualidade à TV comercial. Se conseguirmos superar a questão do financiamento, nossos profissionais poderão contribuir muito na produção de conteúdo de qualidade, dentro das possibilidades de interatividade permitidas pelo sistema de transmissão digital. O objetivo é manter o serviço à educação do cidadão, à cultura e à cidadania". Na opinião da representante da TVE Brasil, falta "um currículo que aproxime as emissoras públicas da política nacional de educação – cada estado, cada cidade, tem suas caracaterísticas, mas o sistema digital vai facilitar até a melhor formação do professor, na educação à distância”. Ela lembrou ainda que o Brasil “é o país que está mais na frente, na América do Sul nesse segmento de TVs educativas e apesar das deficiências, é modelo inspirador para outros países". Mas alertou para a necessidade de "criar conceitos sólidos e duradouros para essas emissoras". E lembrou que a TVE Brasil, em 15 anos até 1995, teve 15 presidentes: “Isso impediu que ela solidificasse a sua linha de trabalho”. O diretor da TV Cultura, Marco Antônio Coelho Filho, disse que o objetivo da emissora pública “é trabalhar em favor da cidadania e não do lucro, e a necessidade de financiamento tem que ser resolvida pelo poder público”. Segundo ele, 50% dos brasileiros vêem televisão, e o país, apesar de ser a 13a economia, de acordo com seu Produto Interno Bruto (PIB), tem uma das quatro maiores redes de televisão do mundo.“A educação hoje é feita com grande contribuição das alternativas audiovisuais, daí a importância da televisão nesse processo”, disse Coelho Filho, para quem a carência de recursos "pode levar a emissora a se desviar dos seus objetivos”. Fazer jornalismo, afirmou, não é papel da TV pública e flertar com a publicidade, muito menos. “Mas a ajuda oficial deve ser feita sem que ela se submeta ao governo”, acrescentou. O presidente do Conselho, Arnaldo Niskier, disse que “não se pode querer que os cidadãos venham a contribuir para as emissoras públicas, pois hoje eles já suportam uma carga tributária de 38%”.