Relator da CPI dos Sanguessugas vai propor quebra de sigilo de 101 investigados no esquema de fraudes

05/08/2006 - 19h16

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator-geral da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas, senador Amir Lando (PMDB-RO), confirmou que vai sugerir no relatório parcial a quebra do sigilo bancário dos 21 parlamentares que receberam dinheiro em espécie para aprovarem emendas para a compra de ambulâncias superfaturadas com recursos do orçamento. O senador também irá propor a quebra de sigilo de cerca de 80 envolvidos, entre assessores de parlamentares e terceiros que receberam dinheiro em nome dos parlamentares.“Isso precisa ser feito, porque senão se você deixar isso sem quebrar o sigilo depois, por exemplo, ninguém mais tem competência, só o plenário das respectivas casas, então a gente já deixa isso pronto”, afirmou Lando. “È uma fórmula, no meu entender, que pode auxiliar lá para a frente”, disse.De acordo com o senador, o grupo de 90 parlamentares investigados pela CPI vão ser separados em três categorias no relatório: 21 que receberam dinheiro em espécie, seis citados pelo Ministério Público, mas sem evidência de participação no esquema e 63 contra os quais há provas concretas de participação na fraude das ambulâncias.Segundo Amir Lando, o relatório parcial que será apresentado na próxima quinta-feira (10) terá três partes: a primeira será uma descrição do esquema, a segunda parte fará uma análise dos tipos de crimes cometidos e de cada caso separadamente e a terceira parte serão as sugestões das medidas corretivas para evitar que o esquema se repita.Ele afirmou que cada parlamentar envolvido terá um processo separado. “Nós vamos fazer um resumo do comportamento de cada um à luz dos testemunhos, das gravações telefônicas, dos documentos, porque assim nós poderemos formular um juízo de valor sobre cada um”, disse Lando.A CPI dos Sanguessugas realizou sexta-feira (4) uma acareação entre o sócio da Planan, Luiz Vedoin, o responsável pela montagem dos equipamentos nas ambulâncias, Romildo Medeiros, e o ex-assessor do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), Marcelo Carvalho. Em relação ao depoimento do ex-assessor, que teria dito que o único dinheiro recebido por ele da Planan (R$ 29.500) foi relacionado à venda de um barco, Amir Lando afirmou que “há uma convicção de que realmente o barco é furado”, insinuando que a história do barco é falsa. Sobre o senador Suassuna, Amir Lando preferiu não emitir nenhum juízo.A apresentação do primeiro relatório parcial da CPMI está marcada para a próxima quinta-feira, dia 10 de agosto. O relatório deverá apresentar os nomes dos deputados e senadores envolvidos com as fraudes. A segunda fase dos trabalhos será concentrada nos envolvidos que trabalham no poder Executivo.Em maio deste ano, a Polícia Federal desencadeou a Operação Sanguessuga, que prendeu parlamentares, assessores e servidores públicos acusados de utilizar R$ 110 milhões do orçamento na compra de ambulâncias superfaturadas. A empresa Planam, com sede no Mato Grosso, era responsável pela montagem das ambulâncias e entrega dos carros às prefeituras. Segundo as investigações da Polícia Federal, a empresa chegou a superfaturar o preço das ambulâncias em até 110%.