Organização civil denuncia maus-tratos, falta de água e comida a presos de Mirandópolis, em São Paulo

31/07/2006 - 20h59

Gabriel Corrêa
da Agência Brasil
São Paulo - Mais de mil detentos da Penitenciária 1 da cidade de Mirandópolis, no interior paulista, estão confinados em um único pavilhão, em situação precária e sem receber visitas desde o dia 14 de maio, após rebelião que em que destruíram as instalações. A denúncia foi apresentada à imprensa hoje (31) pela Associação dos Cristãos pela Abolição da Tortura (Acat). De acordo com um relatório da entidade, os presos estariam sendo maltratados e “passando por privações de toda ordem, inclusive água e comida”.De acordo com a advogada da Acat, Arlete da Silva, o relatório foi entregue também à Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). O documento traz cartas dos presos com relatos pessoais de privações e fotos das más condições de ocupação, tiradas por eles mesmos. De acordo com a Acat, os presos não recebem a vista de parentes ou de advogados desde a rebelião. Lara de Cássia, esposa de um detento, conta que muitas informações são passadas por meio de telefone celular. Há denúncias inclusive de presos que teriam sido feridos nas ações das tropas de choque e não teriam recebido assistência médica.Segundo Arlete da Silva, os representantes da Acat também não puderam entrar no presídio, mas apuraram através de parentes que haveria 1.250 presos no mesmo pavilhão. De acordo com o diretor da unidade 1 de Mirandópolis, Ronei Lopez da Cruz, há 1.067 presos no local. Ele nega as denúncias de maus-tratos e diz que, apesar de improvisada, a situação está normalizada. “Estamos aguardando ordens da SAP para remanejar os presos de volta”, disse o diretor em entrevista à Agência Brasil. De acordo com Luís Umberto, assistente técnico da coordenadoria regional da SAP para a região de Mirandópolis, a transferência só ocorrerá depois da reforma dos dois pavilhões destruídos.A advogada diz que há outros presídios no estado em situação semelhante: “Araraquara, Tirapina, Mirandópolis... São esses que estão em péssimas condições... Cajamar e Guarulhos também”. Silva diz que em alguns desses presídios haveria problema no abastecimento de alimentos e os presos também estariam sofrendo maus-tratos. O relatório da Acat foi apresentando na sede da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo e foi elaborado com o apoio da Comissão Especial Independente do Conselho de Defesa da Pessoa Humana (Condep), Movimento de Direitos Humanos e o Grupo Tortura Nunca Mais–SP.