Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos, informou hoje (31) que até o final deste ano deverá estar concluído o processo de lançamento de ações da empresa na Bolsa de Nova York. "Não podemos ficar assistindo o mercado mundial ser entregue aos franceses ou canadenses, uma vez que temos a mesma formação e conhecimento deles", avaliou. Segundo Vasconcelos, a meta é obter maior competitividade externa. E "ao atingir o nível 2 das ações em Nova York a estatal alcançará a maturidade internacional, que permitirá a captação de recursos a taxas menores e com alongamento do perfil da dívida". Recentemente, a empresa captou US$ 400 milhões no mercado externo e recebeu mais de US$ 1 bilhão em ofertas. Com isso, o balanço da estatal mostrou que ela saiu de um prejuízo de R$ 356 milhões para um lucro bruto de R$ 1,4 bilhão.
O planejamento estratégico, informou o presidente da estatal, está sendo concluído e prevê investimentos em geração e transmissão de energia, somente neste ano, de R$ 5,2 bilhões – excetuando o programa Luz para Todos. Para os próximos dez anos, os investimentos alcançam R$ 40 bilhões em geração e cerca de R$ 36 bilhões em transmissão. “Vamos integrar todo o país. O Brasil tem hoje 56 mil quilômetros de linhas de transmissão e vai chegar a 62 mil quilômetros. Não haverá região do Brasil sem energia de alta voltagem e grande potência”, prometeu.
Vasconcelos afirmou esperar que a internacionalização da empresa seja aprovada pelo Congresso ainda neste ano. “Eu tenho esse sonho, essa torcida, mas não tenho essa realidade. Temos que esperar”, argumentou. O projeto já foi aprovado pela diretoria da estatal e pela Advocacia Geral da União, entre outras instâncias, e se encontra agora na Casa Civil da Presidência da República.
Ele destacou, porém, que a Eletrobrás não terá ativos fixos no exterior: deverá participar dos projetos de forma indireta. Citou como exemplo um projeto de 560 megawatts entre Angola e Namíbia, na África, para cuja elaboração a estatal poderá contribuir. “A Eletrobrás pode chamar uma construtora brasileira, buscar financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, oferecer o gerador, a turbina, a torre de transmissão, o disjuntor brasileiros e, obviamente, depois que colocar em operação, treinar os operadores locais e sair do processo. Então, ela é uma grande consultora e também uma coordenadora de várias outras”, informou.
Isso vem sendo feito, informou, sem o nome Eletrobrás, mas por meio de suas controladas, como Furnas, "até que a lei permita que eu atue no exterior". Aloísio Vasconcelos assegurou que existe mercado a ser explorado em países da África, América Central e Ásia. E revelou que no momento a estatal busca parceria com a Coréia do Sul e a China.
Sobre o investidor estrangeiro, disse que o "pode vir, porque tem energia e nós usamos a ferramenta do planejamento". E assegurou que "não faltará energia no país, em qualidade e quantidade".