Rádio comunitária lacrada integrava um dos Pontos de Cultura do governo Federal

22/07/2006 - 10h28

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A rádio comunitária Heliópolis, fechada na quinta-feira (20) por agentes daPolícia Federal e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), foiescolhida em 2005 pelo Governo Federal para integrar um dos Pontos de Cultura, unidade doprograma Cultura Viva, uma parceria dos ministérios da Cultura e do Trabalho e Emprego. Oprograma apóia instituições que promovem ações para o desenvolvimento social desua região. A emissora funcionava na maior favela de São Paulo, a segunda maiordo país.O governo liberou R$ 150 mil para que a rádio adquirisse equipamentos novos,como computadores e gravadores digitais, para viabilizar o treinamento de 50jovens de 16 a 25 anos em comunicação popular. A inclusão da rádio no CulturaViva foi escolhida para o lançamento do programa em São Paulo, em cerimônia quecontou com a presença do presidente Lula e do ministro Gilberto Gil."Parte dos equipamentos que a Polícia Federal levou foi comprada com odinheiro do projeto Pontos de Cultura", diz João Miranda, presidente daprincipal associação de moradores da favela e responsável pela rádio. Apesar dea rádio ter sido lacrada, Miranda afirma que o treinamento dos jovens não foitotalmente interrompido, já que o trabalho desenvolvido não ocorre somentedentro da emissora.A rádio comunitária de Heliópolis, criada em 1992, servia originalmente paradivulgar as datas e horários dos encontros da associação de moradores.Atualmente, a emissora tinha uma programação que abordava principalmentepolítica, direitos e deveres do cidadão. Havia também programas sobre doençassexualmente transmissíveis, religião e musicais. A rádio operava sem outorga do Ministério das Comunicações. No entanto,segundo seus dirigentes, os documentos necessários para a legalizaçãoforam enviados às autoridades competentes há sete anos.