Ministério Público faz levantamento de roubo de armas em quartéis do Rio

22/07/2006 - 9h23

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Procuradoria da Justiça Militar do Rio de Janeiro estáfazendo um levantamento junto às Forças Armadas do desvio de armamento dosquartéis localizados no estado. Segundo o promotor de Justiça Militar AntonioCarlos Facuri, serão analisados todos os inquéritos instaurados pela Marinha,Exército e Aeronáutica entre 2004 e 2006. Um relatório deve ser divulgado noprazo de 90 dias.O promotor de Justiça Militar Ailton José da Silva afirmouque o levantamento do roubo de armas deve abranger também outros estadosbrasileiros, a exemplo do que foi feito pelo Ministério Público Militar noinício de 2005, quando um estudo nacional mostrou quantas armas foram desviadasdos quartéis do Brasil entre 1999 e 2004.O último grande roubo no estado do Rio de Janeiro ganhou repercussãonacional, depois que assaltantes renderam sentinelas de um quartel do Exército,no dia 3 de março deste ano, e levaram dez fuzis e uma pistola. De acordo com opromotor Facuri, os sete acusados de envolvimento no crime devem ser julgadosaté o início de setembro.Facuri explicou que, dos três civis com mandado de prisãoexpedido, dois continuam presos, os ex-militares Joelson Basílio da Silva eCarlos Leandro de Souza, enquanto Alex Souza Marinho está foragido. Os trêsestão sendo processados por roubo triplamente qualificado, crime que resulta empenas de seis a 21 anos de reclusão.Um quarto acusado, o sargento da ativa Humberto de Sousa Freire, foiinicialmente denunciado como mentor do crime e também está sendo processadopelo roubo. Facuri acredita, porém, que a falta de provas pode fazer com queele seja julgado apenas por negligência no serviço.O promotor disse que os outros suspeitos, que tinham apontado o sargentocomo mentor do crime, não sustentaram a versão em depoimento à Justiça. “Se oMinistério Público Militar não conseguir provar essa participação no roubo,pode haver, o que está claro, a classificação no crime de negligência”, disseFacuri.Outros três militares serão julgados pelo crime de negligência: o tenenteIgor dos Santos da Silva, o cabo Eric da Silva Campos e o soldado Max AthaídePereira, que já teria sido desligado do Exército. Eles poderão ser punidos coma expulsão do Exército e com detenção pelo período de seis meses.O roubo dos dez fuzis resultou em uma megaoperação do Exército, que chegou aocupar dez favelas com 1,5 mil homens em busca do armamento, que, segundoinformações, estaria nas mãos de traficantes. As armas seriam encontradas duassemanas depois.